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'Apoio de António Guterres não basta para tornar Brasil membro permanente do CS da ONU'

© REUTERS / Denis BalibouseAntónio Guterres
António Guterres - Sputnik Brasil
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O apoio do novo secretário-geral da ONU é importante, mas não basta para tornar o Brasil membro permanente do Conselho de Segurança. A avaliação é de um ex-embaixador brasileiro nas Nações Unidas, comentando declarações do português António Guterres, provável novo secretário-geral da Organização.

Representante permanente da Rússia na ONU Vitaly Churkin (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Conselho de Segurança recomenda António Guterres como novo Secretário-Geral da ONU
"Tornar o Brasil membro permanente do Conselho de Segurança da ONU é iniciativa louvável, porém sua concretização é um processo de muita complexidade" – diz o diplomata Gélson Fonseca Jr., que entre os anos de 1999 e 2003 representou o Governo de Fernando Henrique Cardoso na Organização das Nações Unidas.

As declarações do Embaixador Fonseca Jr. foram prestadas em entrevista exclusiva à Sputnik a propósito das recentes manifestações de António Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal, ex-alto comissário do ACNUR e mais do que provável sucessor de Ban Ki-moon na Secretaria Geral da Organização das Nações Unidas.

Em comentários anteriores à sua indicação para o cargo, Guterres disse que o Brasil merece todo o seu respeito e que, uma vez efetivado como secretário-geral da ONU, trabalhará pela aprovação do país como membro permanente do Conselho de Segurança. O órgão possui 5 membros permanentes (Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido), os únicos a possuir poder de veto, e 10 em caráter rotativo. Estes últimos têm direito apenas de votar as deliberações do Conselho.

Segundo o diplomata Gélson Fonseca Jr., a aspiração do Brasil de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU não é recente: 

"Este desejo foi manifestado pela primeira vez pelo então Presidente José Sarney em seu último ou penúltimo pronunciamento na ONU. Naquela ocasião, o Brasil deixava bem clara a sua intenção de integrar o Conselho em caráter permanente, podendo votar e vetar deliberações. Todos os presidentes que se seguiram a Sarney – Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e, agora, Michel Temer – mantiveram a proposta de José Sarney. Na verdade, esta ideia é anterior, até mesmo, à existência da ONU. Ela foi apresentada nos anos 1920 à antiga Liga das Nações, a qual daria origem à ONU. Portanto, não é uma pretensão nova por parte do Brasil. Ela é quase centenária."

Para o Embaixador Gélson Fonseca, no entanto, é preciso ser realista diante desta proposta:

"Não basta apenas o Brasil dizer que quer entrar para o Conselho de Segurança da ONU para ser prontamente aceito, ainda que tenha a posição favorável do secretário-geral. Além do Brasil, outras nações aspiram ao mesmo desejo. Então, será necessário desencadear um grande arranjo global para que nenhum outro país se sinta preterido em favor do Brasil. Por isso, digo que é um processo extremamente complexo, do ponto de vista da diplomacia internacional. É sabido que outros países – europeus, sul-americanos e africanos – têm a mesma vontade, de modo que o próximo secretário-geral da ONU pode se preparar para ter muito trabalho diante desta questão."

O Embaixador Gélson Fonseca Jr. fez ainda grandes elogios ao político português:

"Como primeiro-ministro de Portugal e como alto comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres foi notável e exemplar. Tenho a impressão de que os 10 anos em que ele esteve à frente do ACNUR (2005-2015) foram decisivos para sua indicação à Secretaria Geral da ONU na qualidade de sucessor do atual Secretário Ban Ki-moon."

Em Lisboa, o ex-embaixador de Portugal na ONU, Francisco Seixas da Costa, declarou sobre seu conterrâneo António Guterres à Sputnik:

"Eu tenho esperanças de que António Guterres, como novo secretário-geral das Nações Unidas, poderá vir a apresentar algumas pistas de solução para os graves problemas mundiais. Tanto mais que ele, no fundo, representa aquilo que é o consenso possível entre a própria Rússia e o mundo ocidental. Ele foi aclamado com os votos da Rússia, do mundo ocidental e também da China."

Nesta quinta-feira, 6, António Guterres foi aclamado por todos os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU como nome ideal a ser proposto à Assembleia Geral para substituir o sul-coreano Ban Ki-moon, cujo mandato terminará em 31 de dezembro.

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