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Brasil abre várias frentes na guerra contra o zika vírus

ENTREVISTA COM EDMILSON MIGOWSKI 2 DE 11-02-16
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Na quarta-feira, 10, a Presidenta Dilma Rousseff anunciou um conjunto de medidas prevendo iniciativas como convênios com laboratórios internacionais, produção de vacinas em parceria com institutos dos EUA e diminuição da burocracia para envio de amostras do zika vírus a laboratórios norte-americanos e europeus.

O pacote criado pela presidente deverá ser lançado até o final do mês.

Na quinta-feira, 11, foi a vez de o ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciar que, através do Instituto Evandro Chagas, o país desenvolverá uma vacina em conjunto com a Universidade do Texas para o combate ao zika vírus – vacina que, segundo o ministro, poderá ser testada dentro de três anos.

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Sobre o pacote anunciado por Dilma Rousseff na quarta-feira, o professor de Obstetrícia das Faculdades de Medicina das Universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Federal Fluminense (UFF), Antônio Braga, reconhece serem “medidas salutares, urgentes e necessárias, uma vez que o Brasil foi o primeiro país a relatar à Organização Mundial da Saúde a questão epidemiológica de emergência que associa principalmente a ocorrência do zika vírus à gravidez e à geração de fetos malformados, notadamente aqueles com microcefalia”.

“Vale salientar que o zika vírus apresenta uma grande novidade para a medicina mundial, e nós, no Brasil e no mundo, não estamos preparados para fazer diagnósticos rápidos em grande escala e mesmo para avaliar o real impacto dessa infecção na gestação”, destaca o Dr. Antônio Braga. “De modo que é importante que os países elaborem uma força-tarefa conjunta, colaborativa, em que o material biológico possa ser facilmente enviado ao exterior a fim de que sejam feitas análises mais minuciosas para esclarecer, com precisão, qual o papel do zika vírus na gravidez e até mesmo fora dela, na geração de doenças por vezes graves, como é a síndrome de Guillain-Barré, que pode afetar adultos, levando-os até a morte.”

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Já a respeito da vacina anunciada pelo Ministério da Saúde, o infectologista e pediatra Edimilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, adverte para o fato de que o produto desenvolvido por Brasil e Estados Unidos precisará passar por um considerável período de testes até ser aprovado para uso.

O Dr. Migowski, que com o virologista Davis Ferreira, também da UFRJ, vem trabalhando há tempos na pesquisa de um medicamento desenvolvido a partir da flora brasileira e capaz de ser indicado para o tratamento e prevenção do zika vírus, diz também ver com alegria o projeto divulgado pelo Ministro Marcelo Castro, mas, ressalva, “até que esse projeto de vacina se transforme realmente numa vacina, que possamos utilizar para aplicar e prevenir essa doença, o zika vírus, principalmente o acometimento em gestantes, é um passo bem distante, uma viagem longa. Não se consegue uma vacina antes de cinco a dez anos de estudo”.

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O infectologista Edimilson Migowski destaca ainda a parceria entre o Instituto Vital Brasil, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e a UFRJ, para o desenvolvimento de vacinas, de fitocomplexos, de medicamentos e de outras armas que possam minimizar o prejuízo do zika vírus no Brasil.

“Estou vendo o Instituto Vital Brasil em parceria com a UFRJ dando passos largos no sentido de firmar acordos para podermos acelerar os processos. Tenho para mim que Pernambuco já descreveu a doença e o Rio de Janeiro vai propor uma solução bem interessante em termos de tratamento do problema.”

Para o Dr. Migowski, “não adianta a Universidade entrar com a inteligência se não tiver por trás da inteligência uma capacidade de produção do que se imaginou, do que se desenhou. O Vital Brasil é um laboratório. Então, existe a possibilidade de o Instituto, mediante esses acordos, essa transferência de tecnologia e informação, produzir medicamentos que venham a dar bons resultados não só para o Rio de Janeiro mas para o Brasil como um todo”.

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