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Banco Mundial manteve cargo vago por 2 meses para esperar saída de Levy do Governo?

ENTREVISTA COM MAURO ROCHLIN
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“A indicação do ex-ministro da Fazenda do Brasil, Joaquim Levy, para a Diretoria Financeira do Banco Mundial é o resultado natural de uma trajetória muito bem sucedida” – analisa o economista Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, que esclarece ainda outras questões.

A nomeação de Joaquim Levy, cuja notícia vazou na sexta-feira, 8, teve sua confirmação pelo Banco Mundial esperada para esta segunda-feira, 11.

O professor dos Cursos de MBA da FGV do Rio, Mauro Rochlin, afirma que este será mais um cargo internacional de extrema importância no currículo de Joaquim Levy, já que um dos anteriores foi exercido no Fundo Monetário Internacional.

Rochlin avalia que, em suas novas atribuições, o ex-Ministro Joaquim Levy estará voltado para as grandes questões do financiamento mundial, dialogando diretamente com chefes de Estado e Governo: “Levy estará logo abaixo do presidente, a quem compete exercer uma função de estratégia e de relacionamento com governantes.”

Para Mauro Rochlin, a indicação do ex-ministro da Fazenda do Governo Dilma Rousseff para a Diretoria Financeira do BIRD, o Banco Mundial, é um passo natural na carreira de Joaquim Levy, um desdobramento natural. “Chamo atenção para o fato de que outros profissionais, outros economistas, que compunham equipes econômicas anteriores também já fizeram essa trajetória, como o ex-secretário do Tesouro no Governo FHC, Murilo Portugal, que foi ocupar uma posição de direção no Banco Mundial.”

Sobre o fato de que o cargo que o ex-ministro assume esteve vago por dois meses, e se o Banco Mundial estaria reservando essa função para Levy, sabendo que o ministro já demonstrava sua disposição em deixar o Ministério Dilma, o economista Mauro Rochlin considera ser “muito difícil responder e mesmo especular a respeito, uma vez que essa informação, se verdadeira, seria guardada a sete chaves no Banco Mundial”.

“Não sei se há dois meses nós poderíamos já ter previsto a saída do ministro, ainda que houvesse toda uma especulação em torno disso”, diz Rochlin. “Mas, de qualquer maneira, não se tinha uma data muito precisa e nem a certeza da saída, de forma que eu acho que é um pouco prematuro, muita especulação, supor-se que o Banco Mundial tivesse reservado a cadeira ao ministro.”

Mauro Rochlin afirma ainda não acreditar que a atribuição da responsabilidade pela inflação brasileira de dois dígitos, superior a 10% em 2015, não teria sido suficiente para influenciar negativamente e retardar a escolha de Levy para o Banco Mundial.

“Acredito que, pelo histórico e pelo currículo do ministro, pelas suas condições técnicas, dificilmente esse fato de uma inflação mais alta poderia ser usado como argumento contra ele, mesmo porque a conjuntura toda e o posicionamento de Joaquim Levy diante desse cenário não o colocam como o responsável, isoladamente, pelo mau resultado. Ressalto que a carreira e o currículo do ministro são mais do que suficientes para qualificá-lo para o cargo.”

Sobre as novas atribuições de Joaquim Levy, o Professor Rohlin destaca:

“Ele vai ser o responsável por todo o planejamento financeiro do Banco, pela administração de suas receitas, pelo gerenciamento de suas despesas. Já o cargo de presidente do Banco é um cargo muito mais estratégico do que propriamente de cunho financeiro, o que leva a acreditar que a posição que o Levy vai ocupar – diretor financeiro – é fundamental do ponto de vista operacional do Banco. Cabe ressaltar, porém, que em última análise quem manda no Banco Mundial são o Governo americano e os Governos europeus. Quando eu digo isso, o comentário se refere ao número de assentos que esses países têm no Conselho Diretor da instituição. Ainda que o presidente, obviamente, seja o responsável por definir estratégia, a estratégia global é definida pelos países-membros e, mais especificamente, pelo seu Conselho Diretor, em que o G7, por exemplo, tem maioria inconteste.” 

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