Segundo o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, o avião pertence à Guarda Costeira dos EUA e decolou da base aérea de Curaçao, no Caribe.
Na denúncia que apresentou, entre outros organismos, à ONU, à Unasul (União das Nações Sul-Americanas), à CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e à Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), Nicolás Maduro afirmou que “manobras insólitas e extraordinárias dos Estados Unidos devem ser denunciadas por representar novas ameaças contra o nosso país e por violar a legislação internacional”.
Sobre o assunto, Sputnik Brasil ouviu o pesquisador do Núcleo das Américas da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Professor João Cláudio Pitillo, para quem “a atitude dos Estados Unidos contra a Venezuela é muito grave”.
“É um fato preocupante, uma coisa muito perigosa e ruim para o ambiente de paz em que vive hoje toda a América Latina”, comenta o Professor Pitillo. “Até que provem o contrário, Venezuela e EUA são países que gozam de relações no status normal. Essa ingerência americana, esse abuso, o atravessar da fronteira é muito ruim porque mostra um desrespeito muito grande com o Governo venezuelano, com a economia venezuelana, e isso pode levar a uma escalada militar sem precedentes no continente.”
Sobre a denúncia feita por Nicolás Maduro a um tão grande número de organismos internacionais, João Cláudio Pitillo considera não ter sido exagero, que a gravidade do fato justifica a ação do presidente venezuelano:
“Este é um fato muito grave, ainda mais por se tratar de um avião militar, de espionagem e contraespionagem – não estamos falando de um avião comercial que cruza uma fronteira por um erro. É um avião capacitado de todo aparato de espionagem e ingerência. É um avião ameaçador. O Presidente Maduro tem que levar isso a todos os canais porque, se fosse o inverso, com certeza os EUA teriam feito grande estardalhaço senão até mesmo abatido o avião venezuelano.”
O pesquisador do Núcleo das Américas da UERJ diz ainda que “o Presidente Maduro precisa não só denunciar mas exigir que a ONU e as demais entidades se coloquem frontalmente contra isso”.
“Nós vimos, há tempos, quando a Venezuela negociava seus mísseis S300 com a Rússia, um grande escândalo por parte dos EUA, dizendo que a Venezuela iria trazer insegurança para a região. E agora estamos vendo que ela agiu corretamente em se armar, porque está sendo vítima de uma invasão seguida de uma ameaça. É importante que os países latino-americanos estejam atentos a isso, se solidarizem com a Venezuela. A questão não se trata de um debate ideológico, de dois regimes e de dois conceitos políticos, mas sim da soberania de um país. E os EUA não podem, jamais, pegar seu avião-espião e fazer isso.”
Finalmente, o Professor João Cláudio Pitillo diz ser “imperativo que o Governo venezuelano se equipe e tenha cada vez mais sistemas de contramedidas de pronto emprego para defender sua soberania. A Venezuela é um país muito rico em petróleo e a sanha estadunidense por petróleo é demasiada”.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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