No artigo publicado no The National Interest, Matt Purple afirma que, apresentando as ações dos EUA no Oriente Médio, os políticos norte-americanos contam somente “histórias de encantar”. Citando Neil Gaiman que parafraseou G.K. Chesterton, o autor diz que “as histórias de encantar são mais do que a verdade, não porque nos contem que os dragões existem mas porque nos contam que os dragões podem ser derrotados”.
Na visão dos neoconservadores e políticos militaristas, a situação foi assim: “O Iraque inicialmente ficou envolto em violência por causa das rebeliões sunitas e xiitas. Coube a George W. Bush correr a ajudar e aumentar de modo heróico o contingente de tropas. Isso levou à paz em todo o território até que o cobarde Barack Obama tirou as tropas, o que minou as posições dos sunitas no leste do Iraque e estimulou o Estado Islâmico“.
Segundo Purple, enquanto os norte-americanos atingiram acordos de cessar-fogo pagando aos sunitas, isso não levou à paz. Os xiitas, que tinham laços com o primeiro-ministro iraquiano de então Nouri al-Maliki, realizavam a limpeza étnica dos sunitas em Bagdá “nas barbas” do presidente Bush. O resultado desta guerra é que o Iraque ficou mais fragmentado que nunca.
Purple afirma que faltou a Barack Obama agilidade por causa dos conselhos dos militaristas norte-americanos.
“Os EUA têm armado e treinado os chamados rebeldes “moderados” sírios desde pelo menos 2013, primeiramente através da CIA e depois através do Pentágono […] O resultado disso foi que os rebeldes treinados pelos EUA cederam os seus armamentos aos militantes da Al-Qaeda e Estado Islâmico, ameaçando com mísseis antitanques produzidos nos Estados Unidos”.
Purple diz, citando o especialista Charles Lister: “Com efeito, enquanto isso não se tornou público, a grande maioria [dos participantes] da insurgência na Síria coordenou estreitamente as suas ações com a Al-Qaeda desde a segunda metade de 2012, o que veio a ter grande impacto no campo de batalha”.
O autor tira uma conclusão: “Às vezes acontecem coisas horríveis no Oriente Médio independentemente do poder norte-americano. Às vezes nosso envolvimento [dos EUA] pode agravá-las ainda mais”.