Especialista: neoconservadores americanos contam 'histórias' sobre militantes na Síria

© AP Photo / Militant website via APMilitantes do Estado Islâmico lançam um míssil antitanque em Hassakeh, no nordeste da Síria, 26 de junho de 2015
Militantes do Estado Islâmico lançam um míssil antitanque em Hassakeh, no nordeste da Síria, 26 de junho de 2015 - Sputnik Brasil
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Segundo o jornal norte-americano The National Interest, as “histórias” que são contadas sobre o envolvimento norte-americano no Oriente Médio fazem com que as pessoas não aprendam as lições de 15 anos de guerra no Oriente Médio e acreditem em mentiras.

No artigo publicado no The National Interest, Matt Purple afirma que, apresentando as ações dos EUA no Oriente Médio, os políticos norte-americanos contam somente “histórias de encantar”. Citando Neil Gaiman que parafraseou G.K. Chesterton, o autor diz que “as histórias de encantar são mais do que a verdade, não porque nos contem que os dragões existem mas porque nos contam que os dragões podem ser derrotados”. 

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Segundo Purple, algumas histórias sobre criaturas monstruosas são simplesmente coisas inventadas. É o caso do Iraque, onde os EUA travam uma longa guerra. Os neoconservadores norte-americanos divulgaram mentiras sobre o desenvolvimento do conflito depois da derrubada de Saddam Hussein. 

Na visão dos neoconservadores e políticos militaristas, a situação foi assim: “O Iraque inicialmente ficou envolto em violência por causa das rebeliões sunitas e xiitas. Coube a George W. Bush correr a ajudar e aumentar de modo heróico o contingente de tropas. Isso levou à paz em todo o território até que o cobarde Barack Obama tirou as tropas, o que minou as posições dos sunitas no leste do Iraque e estimulou o Estado Islâmico“. 

Segundo Purple, enquanto os norte-americanos atingiram acordos de cessar-fogo pagando aos sunitas, isso não levou à paz. Os xiitas, que tinham laços com o primeiro-ministro iraquiano de então Nouri al-Maliki, realizavam a limpeza étnica dos sunitas em Bagdá “nas barbas” do presidente Bush. O resultado desta guerra é que o Iraque ficou mais fragmentado que nunca. 

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A “história” sobre o Iraque é atraente, na opinião de Purple, porque apresenta o mundo de forma simplista, visão que também é aplicada no caso da história sobre a Síria. A “fábula” síria começa com um rei azarado chamado de Barack Obama, que passou dois anos agindo sem jeito contra Bashar Assad, que alegadamente usou armas químicas contra o seu povo.  O moral da história é que, se Obama tivesse escutado os seus conselheiros militaristas e armado os militantes moderados que lutam contra o regime de Assad, teria salvado a Síria. 

Purple afirma que faltou a Barack Obama agilidade por causa dos conselhos dos militaristas norte-americanos. 

“Os EUA têm armado e treinado os chamados rebeldes “moderados” sírios desde pelo menos 2013, primeiramente através da CIA e depois através do Pentágono […] O resultado disso foi que os rebeldes treinados pelos EUA cederam os seus armamentos aos militantes da Al-Qaeda e Estado Islâmico, ameaçando com mísseis antitanques produzidos nos Estados Unidos”. 

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Para os EUA, devia ser um aviso o fato de que a Frente al-Nusra e os islamistas em geral foram tão integrados na insurgência na Síria que se tornou difícil liquidá-los. A inteligência norte-americana preveniu que, em 2013, esta parte da Al-Qaeda (a Frente al-Nusra) era um grupo de rebeldes melhor equipados. Já em maio daquele ano, milhares de militantes do Exército Livre da Síria alegadamente passaram para o lado da Frente al-Nusra. As capacidades do potente grupo paramilitar, que luta contra o regime de Assad, eram muito atraentes no contexto da fórmula “inimigo do meu inimigo é meu amigo”. 

Purple diz, citando o especialista Charles Lister: “Com efeito, enquanto isso não se tornou público, a grande maioria [dos participantes] da insurgência na Síria coordenou estreitamente as suas ações com a Al-Qaeda desde a segunda metade de 2012, o que veio a ter grande impacto no campo de batalha”.

O autor tira uma conclusão: “Às vezes acontecem coisas horríveis no Oriente Médio independentemente do poder norte-americano. Às vezes nosso envolvimento [dos EUA] pode agravá-las ainda mais”.

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