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Exclusivo: Países da América do Sul precisam harmonizar suas regras em petróleo e gás

ENTREVISTA COM HAROLDO LIMA 2 DE 05 10 15
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O ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo e consultor em exploração de petróleo Haroldo Lima, em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, explica que os países da América do Sul precisam trilhar um caminho de intercâmbio de experiência para a integração regional na área petroleira.

Haroldo Lima acredita que para os países da América do Sul chegarem, por exemplo, ao patamar da Federação Russa no setor de petróleo e gás precisam estabelecer como meta um certo grau de harmonização da legislação e da regulação de acesso às reservas:

“Também um certo grau de harmonização dessa mesma legislação com relação ao uso das reservas, a compra de cessão de direitos e ainda uma integração melhor entre conceitos e regras, que devem ser mais ou menos análogos e não discrepantes.”

Haroldo Lima - Sputnik Brasil
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Haroldo Lima: ataque à Petrobras é um ataque ao sistema de partilha de produção no pré-sal
Segundo o especialista, hoje ainda existem na América do Sul muitas regras e diferentes pontos de vista e conceitos sobre energia e petróleo que são muito destoantes um do outro.

“Eu penso que precisamos de reuniões sul-americanas pautando esse tema – elas seriam muito importantes. Quando eu estava saindo da Agência Nacional de Petróleo, nós chegamos a pensar em convidar os países da América do Sul a se reunirem no Rio de Janeiro com o objetivo de buscar uma certa harmonização regulatória no continente sul-americano. No entanto, isso não pôde ser feito.”

Haroldo Lima ainda sugere outros objetivos para a integração:

“Outras coisas poderiam ser estabelecidas como metas, certo intercâmbio de serviços. Por exemplo, o petróleo pesado da Venezuela e da Colômbia poderia ser processado no Brasil, que tem um alto grau de especialidade nessa questão de processamento de petróleo pesado. É preciso também um certo intercâmbio tecnológico, e é necessário que as empresas regionais sul-americanas possam ter o acesso facilitado a locais chaves da produção de petróleo na América Latina, como por exemplo o mar do Caribe. Medidas desse tipo seriam muito importantes para que nós pudéssemos avançar.”

Ao ser questionado sobre a possível entrada do Brasil na Opep – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, onde já estão o Equador e a Venezuela, Haroldo Lima diz que não valeria a pena.

“Eu tenho minhas dúvidas sobre as vantagens”, diz o especialista. “Acho que o Brasil está prestes a se transformar num grande produtor e num grande exportador de petróleo. O que me chama a atenção é que países como México, Rússia, Noruega são grande produtores e exportadores e não são da Opep. Então, eu não tenho muita convicção sobre a conveniência de mesmo num prazo mais longo, o Brasil se transformando num grande produtor e exportador vir a participar da Opep.”

Edifício da Petrobras - Sputnik Brasil
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Bendine é contra o fim do regime de partilha no pré-sal
Ao falar sobre a Petrobras e a crise que a estatal enfrenta, o consultor afirma que a empresa continua, apesar das dificuldades, a explorar o petróleo na camada do pré-sal.

“No momento, o maior campo produtor do Brasil é o Campo de Lula, que é no pré-sal – é o antigo bloco Tupi, que foi transformado em Campo de Lula. Ele fica no polígono do pré-sal. É o primeiro ponto em que foi descoberto o petróleo do pré-sal, no limite entre os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.”

O ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo alerta ainda para o fato de que, apesar da crise, a Petrobras é uma empresa que não tem risco algum:

“A Petrobras não é uma empresa problemática, no que diz respeito a ser uma ameaça, ou estar sob risco. A Petrobras não tem risco algum em perspectiva, porque ela é a empresa de capital aberto que tem de longe a maior reserva de petróleo em local concreto no mundo. A Petrobras tem hoje no pré-sal aproximadamente 40 bilhões de barris de petróleo.”

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