Rússia defende sua própria segurança ao combater Estado Islâmico na Síria

© Sputnik / Dmitry Vinogradov / Acessar o banco de imagensTécnicos reabastecem um Su-34 no aeroporto de Hmeimim, perto de Latakia, na Síria.
Técnicos reabastecem um Su-34 no aeroporto de Hmeimim, perto de Latakia, na Síria. - Sputnik Brasil
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O especialista do Colégio Militar de Porto Alegre e da Unisinos – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Diego Pautasso, diz à Sputnik Brasil acreditar que a Rússia deu início aos ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria, entre outras, por questões da própria segurança.

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O Professor Pautasso afirma que, “de um lado, a Rússia percebe a problemática do Estado Islâmico como parte da sua segurança nacional, na medida em que há vínculos estreitos entre os jihadistas que atuam naquela região e aqueles do Cáucaso russo, da região da Chechênia, o que a preocupa naturalmente. De outro lado, o Presidente Putin tentou costurar equalizações internacionais para combater o Estado Islâmico, e houve pontos de dissenso importantes, sobretudo no que diz respeito à permanência de Bashar Assad na Presidência da Síria, que a Rússia considera essencial. “Inclusive, Putin afirmou em seu pronunciamento na Assembleia-Geral da ONU que atualmente há apenas dois grupos que efetivamente combatem o Estado Islâmico – os curdos e o Governo Assad. Sendo assim, a Rússia resolveu tomar a iniciativa própria de combater o epicentro de algumas regiões nevrálgicas do Estado Islâmico.”

Segundo Diego Pautasso, a relação da Rússia com a Síria é histórica. Desde os anos 1970, o diálogo entre as regiões vem se sustentando:

“Do lado do regime Assad há uma necessidade de suporte e inteligência, e capacidade bélica para manter o regime de pé. E do lado da Rússia cada vez mais se percebe que é fundamental (e Putin também chamou a atenção para isso na ONU) a reconstrução desses Estados que foram destruídos por intervenções, com apoio do Ocidente, e são essenciais para conter e combater o Estado Islâmico no Oriente Médio.”

O Professor Pautasso considera que a política externa russa foi a posição mais acertada desde o princípio com relação à questão síria e, consequentemente, ao Estado Islâmico:

“Primeiro, ao afirmar que os rebeldes sírios eram, na verdade, jihadistas, e que isso não terminaria bem. Segundo, ao afirmar que só há combate ao Estado Islâmico com uma equalização de potências mundiais associadas aos Estados-chave da região, que no caso seriam a Síria, o Iraque e, sobretudo, o Irã. Esse é o ponto de divergência fundamental com o Ocidente. Uma eventual queda do governo de Bashar Assad poderia espalhar ainda mais a influência desses grupos e tornar realmente a situação algo bem fora de controle.”

Após as ações militares da Rússia contra o Estado Islâmico na Síria, que começaram na quarta-feira, 30, Diego Pautasso pensa que as medidas de Vladimir Putin não serão vistas de forma negativa pelo Ocidente.

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“O Ocidente deve perceber, embora a tentativa sistemática de demonização da Rússia, que a Federação Russa tem comprometimento com a conjuntura regional. Isso por um lado. Por outro, ao ocidentais não podem ter uma percepção muito diferente, porque os Estados Unidos e a França foram os primeiros países a fazer incursões militares e aéreas naquela região. Então, não há surpresa nenhuma. A grande diferença é que o entendimento da Rússia é de que o combate ao Estado Islâmico passa pelo fortalecimento do Governo Assad, enquanto os governos ocidentais, principalmente os EUA, acham que isso passa pela derrubada do Governo Assad.”

O especialista em Relações Internacionais Diego Pautasso chama atenção ainda para o fato de que  a atitude da Rússia já está com reflexos em alguns países da Europa, que estão começando a mudar de posição em relação à manutenção do Governo Assad na Síria, entendendo que a sua permanência auxilia – e não atrapalha – no combate ao Estado Islâmico.”

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