Ex-espião russo: a guerra de hoje é dirigida contra a China

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Um ex-espião russo que trabalhou nos Estados Unidos durante mais de 20 anos partilha a sua previsão sobre a Rússia e seus aliados mais próximos, sobre como serão as relações entre a Europa e os EUA.

Durante muitos anos, Donald Heathfield era um cidadão comum norte-americano. Empresário bem-sucedido com especialização em previsão estratégica, se havia formado na Universidade de Harvard, era casado e tinha dois filhos.

Não poderia ter ocorrido a qualquer um dos seus amigos ou colegas que seu nome verdadeiro era Andrei Bezrukov e que ele era o chefe de uma rede de espionagem russa.

Ele voltou à Rússia há alguns anos, na sequência de um escândalo que expôs a sua verdadeira identidade. Ele agora trabalha na Rússia sob o seu verdadeiro nome e, recentemente, como coautor, publicou uma análise geopolítica sobre o futuro da Rússia e do mundo em 2020.

O ex-agente falou sobre as suas previsões em uma entrevista no programa "Vesti Nedeli" do canal TV Rossiya 1.

© Foto / YouTube/@VestiAndrei Bezrukov e Sergei Brilev
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Andrei Bezrukov e Sergei Brilev

Quanto à China, Bezrukov prevê que a próxima revolução inspirada pelo Ocidente terá lugar na periferia da China, provavelmente em Mianmar porque lá há um oleoduto estratégico. 

"E, claro, quem quer que se oponha à potência dominante no mundo, irá tentar fazer duas coisas: em primeiro lugar, irá tentar dispor a Índia contra a China… E segundo, irá tentar evitar que uma união entre a Rússia, a Índia e a China venha a ser uma realidade. Tudo isso é clássico".

Comentando a parceria sino-russa, o especialista notou que juntas a Rússia e a China são invulneráveis:

"A Rússia e a China estão residindo na mesma casa – a Eurásia, que [o ex-conselheiro de segurança dos EUA] Brzezinski costumava chamar de principal continente. Nós nos encontramos em uma situação onde a paz na Eurásia não só garante o crescimento na Rússia e na China, é a garantia de segurança em todo o continente, é a garantia da segurança das nossas fronteiras".

Para Bezrukov, esta situação se assemelha muito à existente no início do século passado: em 1914, imediatamente antes da Primeira Guerra Mundial:

"O que estamos testemunhando agora? A recomposição do mundo. Existe um poder dominante, ou um grupo de potências, e um poder que podemos chamar de desafiante. O que vão fazer esses poderes dominantes ao desafiante quando eles veem que o seu monopólio está sendo destruído?"

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No entanto, Bezrukov sublinha que as armas de guerra têm mudado:

"Agora são os meios de pressão informativa, os meios de pressão econômica, os meios de pressão tecnológica, ações através de países terceiros, explosões causadas por problemas internos, nacionais".

Mais do que isso, segundo o ex-agente, o inimigo também se alterou:

“A guerra que tem sido travada contra a Rússia agora está sendo travada contra a China”, afirmou Bezrukov, dando o exemplo da propaganda anti-chinesa durante o colapso do mercado em setembro.

Falando da Europa, ele explicou que a após a guerra, a Europa assenta em dois princípios: primeiro, a tentativa de afastar a fronteira entre o mundo atlântico e a Rússia tanto quanto possível para Leste.

Em segundo lugar está o crescimento económico europeu. Ambos os fatores não estão funcionando agora, diz ele. 

"Vocês veem o que está acontecendo com os migrantes? Vocês veem o que está acontecendo com os orçamentos europeus? Assim, a noção de que a Rússia não é um inimigo mortal está penetrando mais e mais [na Europa]", sublinhou o ex-espião.

Além disso, segundo Andrei Bezrukov, o conceito de atlantismo já pertence ao passado porque a nova geração dos políticos já não encara os EUA de forma tão positiva, pelo contrário encara de forma negativa.

Se a Rússia resistir à pressão econômica e política que está experimentando agora, digamos que, até 2020, a situação política vai mudar drasticamente, conclui Bezrukov.

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