Opinião: Popularidade de Putin se deve à reconstrução da Rússia pós-Yeltsin

© Sputnik / Sergei Guneyev / Acessar o banco de imagensVladimir Putin
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Neste 7 de maio o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, completa 3 anos de seu terceiro mandato no comando do país, e 15 anos à frente do poder – três vezes como presidente da Federação Russa e um mandato como primeiro-ministro, na época em que o atual Premier Dimitri Medvedev era presidente.

Para o professor de Relações Internacionais da ESPM-Sul e ex-coordenador do BRICS Policy Center, da PUC-Rio, Fabiano Mielniczuk, a permanência de Putin há tanto tempo à frente da Rússia se deve à sua grande popularidade, que se deu a partir dos anos 1990, quando deu nova esperança à população após anos difíceis com Boris Yeltsin na Presidência.

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Segundo Fabiano Mielniczuk, os anos 90 foram de transição de uma economia planificada do período da União Soviética para uma economia liberal de mercado e capitalista. “Foi o período das privatizações em massa de todo o patrimônio público que a Federação Russa possuía, o período da ascensão dos oligarcas, de famílias e grupos econômicos que controlavam a política e os principais negócios na Rússia, além de ser um período de tremenda recessão econômica e de muito sofrimento para a população.”

O professor explica que nos anos 90 a Rússia passava por uma inflação altíssima e com crescimento negativo. O povo sofria com as dificuldades frente aos ajustes estruturais impostos pelo FMI, a desvalorização do rublo e inflação crescente até o final de 1999, quando surge Vladimir Putin como uma figura capaz de colocar ordem na casa. “As taxas de juros na Rússia no ano de 1998 chegaram a 250%, a fim de tentar captar recursos do exterior para o governo poder pagar os títulos da dívida pública, pois não havia condições de pagar. Na ocasião foi declarada moratória, fuga de capitais, um verdadeiro caos.”

De acordo com Fabiano Mielniczuk, ao chegar ao poder no ano 2000, o Presidente Putin trouxe uma nova perspectiva para os russos, fazendo uma reestruturação administrativa e combatendo os oligarcas que tinham enriquecido durante o processo de privatização das empresas estatais, além de restabelecer as relações com o mundo para que a Rússia conseguisse ser ouvida novamente como interlocutora no cenário internacional.

“Os russos saíram de uma diminuição do crescimento em torno de 15%, para uma taxa de crescimento, nos anos 2000, de 6% ao ano”, comenta Mielniczuk. “Os russos saíram de uma inflação de 22%, em 2000, e agora ela beirou os 7%, em 2014. Os preços diminuíram, o crescimento econômico veio e o poder de compra da população subiu na ordem de 50%. Então, nesse contexto é razoável que se entenda por que Vladimir Putin é ainda o líder da Rússia, e até hoje tem o apoio da população. Ele de fato conseguiu resolver os problemas que os russos enfrentaram nos anos 1990.”

Em 2000, Putin foi eleito com 53% dos votos no 1.º turno. Em 2004, foi reeleito com 72%. Em 2008, tornou-se primeiro-ministro do Presidente Dmitri Medvedev, e em 2012 foi eleito com quase 64% dos votos.

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O especialista em Relações Internacionais, no entanto, chama a atenção para os críticos ocidentais, que têm a tendência de classificar o regime atual na Rússia como mais autoritário. Fabiano Mielniczuk discorda.

Para o professor, a Rússia está passando por uma transformação bastante significativa, com uma sociedade civil mais ativa, que tem buscado seus direitos em manifestações públicas como em 2011 e 2012. A Rússia também voltou a ter várias eleições em âmbito regional e local, algo que não existia desde 2004, quando houve uma transformação na legislação do país por conta das ameaças terroristas pelas quais a Federação Russa estava passando, o que fez com que a escolha da figura do governador regional passasse a ser indicada pelo presidente.

O mandato de Vladimir Putin terminará em 2018, e Fabiano Mielniczuk acredita que sua permanência ainda no poder por mais 6 anos, com uma reeleição, dependerá de como a Rússia vai lidar com a situação de guerra na Ucrânia e de como a Rússia vai rearranjar as relações com o Ocidente, uma vez que a crise ucraniana seja ou não resolvida. “Há uma série de indicações, que demonstram que a situação na Ucrânia está paralisada. Temos poucos avanços desde as negociações de Minsk. Parece que está diminuindo a quantidade de pessoas morrendo nos conflitos, mas ainda existem combates, e parece que não há uma disposição verdadeira e compromissada de as partes que estão se enfrentando resolverem o problema. Se essa situação se prolongar, nós não sabemos até que ponto as sanções internacionais contra a Rússia podem se agravar também e prejudicar a economia.”

Segundo o professor, há uma previsão de que no ano de 2015 haja um crescimento negativo na Rússia, na ordem de 3% a 3,5% do PIB. “Vai ser a segunda vez a partir da virada do século que a Rússia vai ter um crescimento negativo. Em 2009, como consequência da crise de 2008, teve crescimento negativo de 7,5%. Não sabemos até que ponto a Rússia vai conseguir fazer a reconversão da sua economia e alterar as relações comerciais que ela tem com o mundo, a ponto de superar esse prejuízo que vai ter agora em 2015.”

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