Opinião: Governo americano já não tem condições de impor seus interesses no Oriente Médio

© AP Photo / Charles DharapakBarack Obama, presidente dos EUA
Barack Obama, presidente dos EUA - Sputnik Brasil
Nos siga no
Em entrevista à Rádio Sputnik, Antônio Gelis, professor de Estratégia Internacional da FGV – Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, analisa o acordo assinado em Lausanne, na Suíça, sobre o programa nuclear iraniano, e aponta a "fadiga dos Estados Unidos em relação à disputa geopolítica no Oriente Médio".

O acordo nuclear foi assinado entre o Governo do Irã e o grupo de potências conhecido por P5+1, formado pelos 5 membros do Conselho de Segurança da ONU (China, EUA, França, Rússia, Reino Unido) mais a Alemanha.

Capitólio dos Estados Unidos - Sputnik Brasil
Vários estados dos EUA vão manter sanções contra Irã apesar do acordo nuclear
Na realidade, diz o professor Gelis, “as dificuldades nas discussões sempre foram entre EUA e Irã. O Governo iraniano quer prosseguir com seu programa nuclear, que garante ter finalidades pacíficas, enquanto os EUA há tempos consideram o Irã um dos integrantes do dito ‘eixo do mal’ e exigem o fim das atividades nucleares iranianas, que consideram suspeitas”. 

Segundo o especialista, compreende-se por que o governo de Teerã celebra o acordo como uma vitória. “Após anos exigindo e comandando sanções contra o Irã, negando-lhe o benefício de qualquer dúvida, Washington assinou um texto que essencialmente se baseia em apenas adiar o momento em que o Irã poderá desenvolver sua bomba.” Comenta ainda o professor Gelis que “não é surpresa que o Governo de Israel, os republicanos norte-americanos e mesmo alguns democratas já anunciaram sua oposição ao texto e sua recusa em aceitar a assinatura do texto definitivo em três meses”. 

“Por que Washington cedeu tanto em Lausanne?”, pergunta o professor. E emenda:

“Os críticos de Obama argumentam que ele teria colocado seu desejo de alcançar um importante resultado diplomático, um ‘legado’ qualquer, acima dos interesses nacionais.” Mas isto seria pouco provável. “Mais razoável, diz o professor da FGV, “é supor que o Governo norte-americano já não tem condições de impor seus interesses no Oriente Médio e busca desesperadamente a aparência de uma vitória diplomática.”

Ashton Carter, secretário de Defesa dos EUA. - Sputnik Brasil
EUA admitem avanço da Al-Qaeda no Iêmen
Na entrevista à Rádio Sputnik, Gelis acrescenta: “Chega a ser impressionante que o Governo norte-americano tenha assinado um documento, embora não definitivo, no qual aparentemente o Irã não terá a obrigação de franquear suas instalações militares aos inspetores internacionais, e que cala sobre o reconhecimento de Israel.” E o especialista da FGV conclui:

“Tudo isso enquanto os Estados Unidos apoiam o ataque saudita a grupos iemenitas, que por sua vez são apoiados por Teerã. É difícil não perceber nesse acordo uma espécie de fadiga dos Estados Unidos em relação à disputa geopolítica no Oriente Médio.”

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала