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Aepet acusa direção da Petrobras de ampliar o desmanche da empresa

© Geraldo Falcão/Agência Petrobras/Fotos PúblicasPlataformas no pré-sal da Bacia de Campos vêm aumentando produção
Plataformas no pré-sal da Bacia de Campos vêm aumentando produção - Sputnik Brasil
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As refinarias da Petrobras estão reduzindo os volumes processados para os registrados nos patamares de 2008, aumentando a importação de derivados e o envio de dólares para o exterior para a compra desses produtos. Os beneficiados, segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), são as empresas estrangeiras.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o vice-presidente da Aepet, Fernando Siqueira, diz que este é apenas um dos retrocessos postos em prática pela nova direção da estatal depois que Pedro Parente assumiu a presidência da empresa.

"A Shell e a Ultrapar estão importando combustível mais barato no exterior, tornando as refinarias ociosas. Isso é manobra do Pedro Parente, porque ele veio para retomar o processo que ele iniciou em 2001, quando ele presidente do Conselho da Petrobras e estava fazendo um processo de desnacionalização da empresa. Está vendendo ativos altamente estratégicos por preços absurdamente baixos. Os níveis de refino estão em 2,1 milhões de barris, o que equivale a 75% da capacidade instalada das plantas", diz o vice-presidente da Aepet. 

Outro ponto sobre o qual Siqueira chama a atenção se refere à contratação de novos equipamentos para a estatal dentro de seu plano de investimentos para o período de 2015 a 2019, que contempla desembolsos de US$ 98,4 bilhões para aquisição, até 2020, de 28 sondas de perfuração, 32 plataformas de produção, 154 navios de grande porte, 81 navios-tanque, entre outros. Cerca de US$ 400 bilhões serão investidos e consumidos em equipamentos e serviços de expansão e manutenção da produção nos próximo anos, mas Siqueira garante que a indústria estrangeira será a grande beneficiada e não a nacional.

"O governo Temer mandou reduzir o conteúdo local (exigência de contratação de fornecedores brasileiros) de 60% para 20%. As indústrias brasileiras que investiram em indústria para fornecer estão em polvorosa, porque vão quebrar todas. Há um processo de desmonte da Petrobras e do país. O Temer foi posto lá para fazer o que as empresas estrangeiras querem, o que os Estados Unidos querem no pré-sal. Os EUA têm uma reserva de 30 bilhões de barris e consomem 10 bilhões por ano. Há uma insegurança energética muito grande. Quando o pré-sal foi descoberto, o Bush reativou a Quarta Frota Naval e a colocou aqui no Atlântico Sul e Argentina", observa o vice-presidente da Aepet.

Siqueira diz que o ex-ministro José Serra havia prometido à Chevron, em 2010, que, se eleito, acabaria com a Lei de Partilha que Lula criou.

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"Essa lei recuperou o estrago que o Fernando Henrique fez na Lei 9.478 que quebrou o monopólio da Petrobras na exploração de petróleo e gás. No artigo 26, dá todo o petróleo para quem produz, e a obrigação que o cara tem é pagar 20% de impostos e 10% de royalties, tudo em dinheiro, enquanto no mundo os países produtores ficam com 82% da produção em seu território e em petróleo. As multinacionais lá ficam com 18%. O Lula retomou a propriedade para a União  e fez uma partilha de produção. Agora, quando o Temer assumiu, o Serra fez uma lei que tira a Petrobras do pré-sal. O pré-sal, segundo geólogos da UERJ, tem uma reserva entre 170 e 270 bilhões de barris. A proposta do governo Temer é entregar o petróleo, o pré-sal e desmontar a Petrobras. É o que o Parente está fazendo", dispara Siqueira.

O vice-presidente da Aepet enumera, por fim, alguns ativos importantes vendidos recentemente pela estatal: o Gasoduto do Sudeste, que transporta o gás do pré-sal com uma malha de 2.500 quilômetros, vendido para o Grupo Brookfield, antigo Grupo Brascan que na década de 90 vendeu a Light e a Eletropaulo no último ano da concessão por US$ 1,5 bilhão. Na área de gás, a Gaspetro foi vendida à japonesa Mitsui pela metade do preço. O campo de Carcará, um dos mais produtivos do pré-sal, foi vendido para a francesa Total por US$ 1,50 o barril, além da venda de parte do Campo de Iara. No planos de desmobilização está também a BR, maior distribuidora de combustíveis do Brasil. 

A indústria de petróleo é tema da Brasil Offshore que vai mostrar até sexta-feira, 23, em Macaé (RJ), novas tecnologias e equipamentos da indústria para as áreas de prospeção e extração, seja nos processos de superfície, quanto em instalações submarinas e tecnologia de poços.

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