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Criador do BOPE: 'Polícia do Rio não perderá a guerra para os traficantes'

© REUTERS / Ricardo MoraesPoliciais militares em operação contra traficantes na Cidade de Deus
Policiais militares em operação contra traficantes na Cidade de Deus - Sputnik Brasil
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Apesar de toda a violência registrada na cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias, a Polícia tem o controle da situação e não perderá a guerra contra a criminalidade – segundo o Coronel Paulo César Amêndola, criador do Bope, o Batalhão de Operações Especiais, a elite da PM.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Paulo César Amêndola analisou os mais recentes fatos que vêm ocorrendo no Rio desde o final de semana. No sábado, um confronto que envolveu integrantes rivais de facções criminosas na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade, exigiu a presença da Polícia Militar. De acordo com a PM, foi necessário empregar um grande efetivo na operação de contenção, já que as organizações rivais pretendem se expandir pela região, na ânsia de dominar o tráfico de drogas. Durante a operação, um helicóptero da Polícia Militar, cujos quatro tripulantes faziam imagens do confronto, acabou caindo, matando todos os seus ocupantes. De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, a perícia efetuada no helicóptero não acusou perfurações por uso de arma de fogo, assim como os legistas do Instituto Médico Legal não identificaram ferimentos por disparos de tais armas nos corpos dos quatro policiais.

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A este confronto seguiram-se na noite de sábado e durante o domingo cenas de mais violência na cidade, com uma onda de "arrastões" e o fechamento de túneis e várias vias expressas. Nesta segunda-feira, outra região da cidade amanheceu ocupada por um número expressivo de policiais militares, o Complexo da Maré, próximo ao acesso à Ilha do Governador e área de grande concentração de comunidades junto à Avenida Brasil, a principal e maior via do Rio de Janeiro.

Apesar de todo este quadro, que deixa a população do Rio de Janeiro muito intranquila, o Coronel Paulo César Amêndola está confiante de que a Polícia levará a melhor sobre os criminosos:

"Não acredito que as Polícias falharam no combate à criminalidade. As Polícias Civil e Militar têm feito um esforço imenso no sentido de fazer recuar as taxas criminais, que não são muito favoráveis", diz o fundador do Bope.

"Acontece que o Rio de Janeiro é uma cidade sui generis, com cerca de mil favelas, boa parte delas dominada por organizações criminosas que, embora rivais, estão se apoiando umas às outras quando dos confrontos com a Polícia. Isto torna o combate muito difuso, já que a criminalidade se distribuiu por vários pontos da cidade. Se a Polícia acossa um determinado local, os criminosos fogem para outras áreas e recebem a proteção de outros criminosos, tornando as regiões em que se escondem um verdadeiro inferno. É mais ou menos este quadro que vem acontecendo no Rio há alguns anos."

Paulo César Amêndola também declara que as Polícias só agem sobre as consequências da criminalidade e não sobre as suas causas. Para o ex-coronel PM, é preciso que todos os órgãos dos Governos Estadual e Municipal se concentrem nas causas destes resultados, envidando esforços nas áreas de prestação social e dotando as comunidades da infraestrutura necessária à sua população. "Desta forma", diz Amêndola, "será possível evitar que muitos jovens sejam atraídos para a prática de crimes."

O agravamento da violência no Rio de Janeiro tem levado boa parte da população a defender a presença, novamente, das Forças Armadas nas ruas da cidade, a exemplo do que ocorreu na Copa do Mundo de 2014 e durante as Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio de Janeiro 2016.

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Sobre este aspecto, Paulo César Amêndola observa que antes de solicitar a presença das Forças Armadas nas ruas do Rio de Janeiro já houve uma articulação atendida, que foi a do envio de integrantes da Força Nacional de Segurança Pública, corporação integrada por policiais militares e bombeiros de vários estados. "Trata-se de profissionais especificamente treinados para atuar na área da Segurança Pública".

"Já as Forças Armadas", argumenta Amêndola, "têm outra destinação. Sua vocação não é de atuar na Segurança Pública. Mas o Rio de Janeiro está chegando a um ponto em que, por força da falta de um efetivo policial suficiente para combater a criminalidade, o Governo Estadual terá de pedir apoio federal para, no mínimo, cercar as favelas dominadas pela criminalidade e permitir então que as Polícias entrem nestas áreas para fazer o seu serviço de captura dos elementos criminosos que estão lá dentro."

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