A audiência concedida pelo Papa Francisco ao Presidente Nicolás Maduro aconteceu na segunda-feira, 24, e foi cercada de total sigilo. Sua realização só foi informada à imprensa depois que o chefe da Igreja Católica e o líder venezuelano anunciaram o encontro de Maduro com a oposição.
Para o professor de História e Relações Internacionais Rafael Araújo, da Faculdade Unilasalle e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, trata-se de mais uma iniciativa louvável do Papa Francisco no terreno diplomático. Especialista em políticas latino-americanas, com ênfase na História Política da Venezuela, Rafael Araújo comenta:
"Não podemos esquecer que o Papa Francisco é o verdadeiro responsável pelo reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, além de várias outras relevantes iniciativas no cenário internacional. No que diz respeito especificamente à Venezuela, o Papa Francisco adotou a atitude que se impunha, convencendo Maduro a se encontrar com seus opositores. Governo da Venezuela e oposição precisam conversar para que o país não venha a explodir. A crise no país é muito grave e a única saída possível é o diálogo. A crise venezuelana vem se intensificando desde 2015 e ficou ainda mais tensa nos últimos dias."
No domingo, 23, o Parlamento venezuelano realizou uma sessão extraordinária e concluiu que Nicolás Maduro deve ser julgado por “violação da democracia” ao retardar a já aprovada convocação do referendo revogatório. Na terça-feira, 25, a Assembleia Nacional realizou nova sessão e aprovou a realização do julgamento político do presidente da República, acusado de romper com a ordem constitucional do país ao descumprir a resolução parlamentar para convocação da consulta popular em que o eleitorado deverá dizer se aprova ou não a condução do Governo da forma como Nicolás Maduro vem realizando. Ainda pela resolução aprovada nesta terça-feira, Maduro foi convocado para comparecer ao plenário da Assembleia Nacional na terça-feira, 1 de novembro, dois dias após se encontrar com a oposição, conforme ajustado pelo Papa Francisco.
O referendo revogatório é um mecanismo constitucional que deve ser acionado pelo presidente da República após aprovação pelo Parlamento. A Constituição venezuelana determina que a consulta popular só pode ser realizada após transcorrida a primeira metade do mandato. Ocorre que, se o referendo for realizado ainda em 2016 e o povo disser não ao Governo de Nicolás Maduro, ele terá de deixar o poder e novas eleições presidenciais serão convocadas. Mas, se o referendo só for realizado em 2017 e, ainda assim, o Governo de Nicolás Maduro for reprovado, a Presidência da República permanecerá com a sua agremiação política, o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV). Neste caso, o poder seria assumido pelo hoje Vice-Presidente Aristóbulo Istúriz, que em janeiro deste ano sucedeu Jorge Arreaza.
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