Na segunda-feira, 27, a greve nacional chegou a 21 dias, se igualando a de 2015. Este ano, contudo, a intransigência está maior. A última proposta apresentada aos bancários, no dia 9 de setembro, foi de reajuste de 7% para salários e benefícios mais um abono de R$ 3.900 a ser pago em até dez dias após a assinatura do acordo.
A proposta foi recusada pelos bancários, que pedem reposição da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 9,62% nos últimos 12 meses mais 5% de ganho real, o que perfaz um total de 14,78%. A categoria também reivindica participação nos lucros e resultados mais R$ 8.297,61, piso salarial de R$ 3.940,24, vales alimentação e refeição, 13 cesta e auxílio creche e babá de um salário mínimo nacional (R$ 880), 14º salário, fim das metas abusivas e do assédio moral, fim das demissões e da terceirização, entre outros itens.
A greve registra um total de 13.385 agências fechadas em todo o país. Só no Rio, 407 agências e seis prédios administrativos estão sem funcionar. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não tem divulgado balanços diários das agências fechadas, mas informa que a população tem à disposição uma série de canais alternativos para saques e pagamento de contas, como lotéricas, postos dos Correios e supermercados. Além disso, nos terminais eletrônicos, é possível agendar pagamento de contas, emissão de folhas de cheques e transferências. Segundo o Banco Central, o Brasil tem 22.676 agências bancárias.
Em entrevista à Sputnik Brasil, a diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso, diz que o setor financeiro continua lucrando e muito.
"Acho que é o único setor do país que não teve prejuízo, mas eles estão muito intransigentes e não querem sequer repor a inflação do período. Nossa reivindicação não é absurda frente à lucratividade do setor. O argumento que eles apresentam não se sustenta porque, segundo eles, há uma projeção de queda da inflação para 2017, em torno de 5,5%. Se eles repusessem a inflação agora, nós já estaríamos ganhando mais de 4% de ganho real. Nenhuma categoria faz projeção em cima de inflação futura. Você vai discutir o passado. Você tem uma inflação dos alimentos de cerca de 17%, a de educação já ultrapassou os 10%, aumento nos planos de saúde. O que os trabalhadores discutem é a recomposição do poder de compra."
Segundo Adriana, a maioria dos bancos paga a folha de pagamentos só com arrecadação de tarifas.
"O Itaú, por exemplo, paga 100% da folha só com arrecadação de tarifas e taxas de serviços e ainda sobra 50% para lucratividade. Eles têm condições de atender às reivindicações da categoria. Se os bancos estão em greve, a culpa é deles, por intransigência e arrogância dos banqueiros."
Segundo o Sindicato dos Bancários, o Itaú registrou lucro de R$ 10,7 bilhões no primeiro semestre deste ano, com a cobrança de juros médios de 370,8%, aumento médio de 30% nas tarifas. A Caixa apresentou lucro de R$ 2,4 bilhões no período, tem juros de 292,5% ao ano no cheque especial e também reajustou suas tarifas de serviço em 30% este ano.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)