O economista Luiz Carlos Prado, do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, não vê, porém, a médio prazo, ameaça de maior dependência desses recursos.
Apesar disso, em virtude do deterioramento dos quadros político e econômico brasileiros, Prado afirma que é preciso observar o cenário daqui para frente.
"A alta dos juros nos Estados Unidos – que passou de zero a 0,25% para a faixa de 0,25% a 0,5% — contribui para migração de uma parte desses recursos para títulos do Tesouro americano, o que poderia desequilibrar as contas por aqui. O Brasil, contudo, tem hoje reservas de cerca de US$ 350 bilhões, superiores à dívida externa — US$ 340 bilhões, segundo dados do Banco Central — e, embora a economia mostre sinais de enfraquecimento, não vejo grandes riscos.”
Segundo o economista, alguma turbulência, passageira, pode acontecer nos aportes em carteira, de permanência mais volátil — como aqueles voltados à compra de títulos do governo, diante dos juros elevados —, e na bolsa, mas o investimento direto — para projetos de infraestrutura, indústrias e empresas — tem se mantido em nível adequado.
Dados do BC do final do ano passado revelam que o déficit em transações correntes chegava a US$ 68 bilhões, o equivalente a 3,70% do Produto Interno Bruto (PIB). Na conta financeira, no entanto, os ingressos líquidos somaram US$ 4,9 bilhões, dos quais US$ 4 bilhões em participações em capitais de empresas, e US$ 4,7 bilhões em capital de curto prazo.
“Não sou pessimista em relação a um aumento de dependência do capital externo. No ano passado, mesmo com a desaceleração da economia, tivemos alta do dólar e queda nas importações, e conseguimos um superávit na balança comercial. Apesar do cenário de preços em queda das commodities, não prevejo uma necessidade maior do capital estrangeiro. É claro que há riscos, caso a economia se recupere rapidamente e haja a necessidade de aumento das importações.”
Em 2015, o saldo da balança comercial brasileira ficou positivo em US$ 13,44 bilhões, revertendo o resultado negativo de US$ 4,34 bilhões registrado em 2014.
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