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Bolsonaro: especialistas comentam vitória, aliança com militares e futuro da oposição

© REUTERS / Pilar OlivaresJair Bolsonaro cumprimenta seus apoiadores ao colocar voto no segundo turno das presidenciais no Brasil, em 28 de outubro de 2018
Jair Bolsonaro cumprimenta seus apoiadores ao colocar voto no segundo turno das presidenciais no Brasil, em 28 de outubro de 2018 - Sputnik Brasil
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A Sputnik Brasil falou com dois cientistas políticos para entender a eleição de Jair Bolsonaro (PSL). Como explicar a escolha pelo ex-capitão do Exército? Qual o futuro de seu bloco de governo? Como será a oposição?

"Escolheram Bolsonaro porque ele encarna, no imaginário de seus eleitores, um super-herói que vai combater os vilões que estão espalhados por todos os cantos. Isso é a marca e elege Bolsonaro, esse clima de medo generalizado que faz com que as pessoas não confiem mais no ser humano e abandonem a própria humanidade e apostem na crença das soluções individuais", diz a cientista política e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Clarisse Gurgel.

Para Gurgel, há uma "repetição" da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), mas com a legitimidade do voto. Agora, ressalta a professora da Unirio, os militares estão no poder, mas com "o apoio da sociedade civil, de pessoas espalhadas pela praça pública" e por diversos segmentos da sociedade.

O presidente eleito do PSL tem uma forte aliança com o meio militar e deverá contar com generais em Brasília. Augusto Heleno, comandante das tropas brasileiras no Haiti, deverá assumir o ministério da Defesa; Oswaldo Ferreira é cotado para ministério da Infraestrutura. O astronauta e tenente-coronel da Aeronáutica Marcos Pontes já afirmou que resta apenas o "anúncio oficial" de seu cargo na pasta de Ciência e Tecnologia.

Apoiador de Jair Bolsonaro (PSL) com máscara de Donald Trump (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Gurgel acredita que a aliança com os setores militares é chave para que Bolsonaro consiga implantar reformas impopulares, como uma possível revisão das regras da previdência. Ela diz que essas pautas deverão ser vendidas como uma maneira de vencer um "inimigo".

"Essas medidas impopulares vão estar agora com uma nova roupagem: a dos esforços necessários para combater o maior inimigo, que é a violência e a corrupção. E ele [o inimigo] está encarnado em quem? Nos comunistas, os professores de ciências sociais, os sindicatos, os partidos socialistas."

"O problema do PT é que Haddad não é um líder natural"

A Sputnik Brasil também conversou com o cientista político e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. Ele acredita que a eleição deste ano viu o centro político "praticamente desaparecer" e criou uma disputa entre a "extrema-direita e a esquerda", com Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).

Já o futuro da oposição ainda está aberto, mas Fleischer acredita que o PT terá problemas se insistir na liderança de Lula:

"O problema do PT é que Haddad não é um líder natural, ele não tem muito carisma, não chega nem perto ao carisma de Lula. Obviamente, Lula vai apodrecer na cadeia mais 15 ou 20 anos. Então se o PT insistir em manter a liderança de Lula, vai ser muito prejudicial ao PT. E o PT não quer fazer mea culpa, expulsar todos os fichas-sujas e renovar o partido."

Jair Bolsonaro coloca seu voto no segundo turno das presidenciais no Brasil, em 28 de outubro de 2018 - Sputnik Brasil
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Bolsonaro terá governabilidade?
O estudioso acredita que o núcleo do bolsonarismo, com sua aliança entre militares e o economista Paulo Guedes, não terá problemas porque o presidente eleito tem aliança com setores mais liberais das Forças Armadas.

"Os militares mais nacionalistas não são favoráveis a continuar com mais privatizações. Porém, os militares que Bolsonaro irá levar para seu ministério são mais liberais e seriam, em princípio, favoráveis a essas privatizações. A questão maior é qual coalizão ele vai conseguir costurar na Câmara e no Senado para aprovar medidas importantes, como a reforma da previdência".

Fleischer, contudo, ressalta que a questão mais sensível nessa relação entre os militares e Guedes será o acordo entre Boeing e Embraer. A companhia estadunidense quer comprar a antiga estatal de aviação criada no Brasil. As negociações começaram no final de 2017, mas cabe ao Governo Federal autorizar — ou vetar. O acordo é polêmico porque a Embraer participa de projetos sensíveis no setor de Defesa, como a construção do submarino nuclear brasileiro.

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