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Brasil pode ajudar em processo de paz no Oriente Médio?

© AP Photo / Oded BaliltyBandeiras de Israel e da Palestina
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Após provocar forte descontentamento no mundo árabe e muçulmano com a possível transferência de sua embaixada em Israel para Jerusalém, o Brasil ainda demonstra interesse em participar dos esforços de construção da paz no Oriente Médio. Seria isso possível?

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, está na Polônia participando de uma reunião com representantes de 60 países sobre a promoção da paz e da segurança no Oriente Médio, conforme iniciativa anunciada em janeiro pelos Estados Unidos.

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Brasil pode mudar embaixada em Israel sem prejudicar relação com muçulmanos?
Embora o Brasil sempre tenha sido visto como um país neutro na região, capaz de dialogar e ter boas relações com todos os lados, a postura do novo governo, de acentuada aproximação com Israel, foi recebida de maneira muito negativa por países árabes e muçulmanos, importantes parceiros comerciais do Brasil. Isso porque, ao mover sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, como anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral, o país reconhecerá oficialmente esta disputada cidade como capital do Estado judaico, ignorando a histórica reivindicação dos palestinos sobre parte de Jerusalém — sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos — como capital de seu futuro Estado. 

Para a professora Vera Lúcia Viegas Liquidato, do curso de Relações Internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), sem dúvida alguma, o atual governo brasileiro está abrindo margem para possíveis represálias de Estados árabes ao adotar atitudes tão favoráveis a Israel em meio às complicadas dinâmicas regionais. Segundo ela, a renúncia à neutralidade coloca o Brasil em uma posição frágil no que diz respeito a qualquer interesse de atuar como mediador. 

"Como o Brasil pode agir com um protagonismo se ele não é um intermediário neutro?", questionou ela em entrevista à Sputnik Brasil, dizendo não acreditar em influência norte-americana, ou em tentativa de agradar os EUA, na recente aproximação entre Brasília e Tel Aviv.

De acordo com a especialista, além de minar as credenciais de possível mediador, o Brasil, com essa nova postura, também fica sujeito a consequências extremamente negativas para sua economia:

"Isso pode, sim, prejudicar muito a balança comercial brasileira, as relações que outros países… o modo como os outros países passam a olhar o Brasil, com perda de credibilidade."

Levando em consideração a profunda crise que afeta hoje todo o continente americano, devido ao complicado impasse político na Venezuela e sua problemática humanitária, Liquidato estranha o fato de o governo brasileiro dedicar esforços a questões que, no momento, estão muito mais distantes da realidade brasileira. Diplomaticamente, ela acredita que o país poderia fazer muito mais do que tem feito para atenuar dificuldades no seu entorno imediato.

"Se nós nos perguntássemos hoje quais são os objetivos concretos da política externa brasileira, esses objetivos não estão delineados. E isso é péssimo."

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