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Brasil deverá esperar um assento permanente na ONU? Guterres responde à Sputnik

© Sputnik / Ekaterina NenakhovaSecretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, participa de uma discussão do Clube Valdai, em 21 de junho de 2018, em Moscou
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, participa de uma discussão do Clube Valdai, em 21 de junho de 2018, em Moscou - Sputnik Brasil
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Nesta quinta-feira (21), o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, participou de uma discussão do Clube Valdai, no âmbito da sua visita oficial à Rússia. A Sputnik Brasil visitou o evento para falar com o alto responsável.

O encontro, sediado pelo clube de discussões Valdai, fundado em 2004 para promover um diálogo aberto entre políticos, especialistas e jornalistas de diversos campos, contou com a participação tanto de correspondentes estrangeiros e locais, quanto de figuras públicas russas. No evento estavam, entre outros, o presidente do Comitê de Assuntos Exteriores da câmara alta do Parlamento russo, Konstantin Kosachev, e o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya.

© Sputnik / Ekaterina NenakhovaKonstantin Kosachev (à esquerda) e Vasily Nebenzya (à direita) durante uma discussão do Clube Valdai junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em 21 de junho de 2018, em Moscou
Konstantin Kosachev (à esquerda) e Vasily Nebenzya (à direita) durante uma discussão do Clube Valdai junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em 21 de junho de 2018, em Moscou - Sputnik Brasil
Konstantin Kosachev (à esquerda) e Vasily Nebenzya (à direita) durante uma discussão do Clube Valdai junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em 21 de junho de 2018, em Moscou

O leque de assuntos tocados acabou sendo bem vasto: desde o problema de desarmamento e da reforma da ONU até a eterna paixão não só lusa, mas de todo o mundo — o futebol.

Ao responder à pergunta da Sputnik Brasil sobre o tema persistente da reorganização do Conselho de Segurança, inclusive da ampliação de seus assentos permanentes, com o Brasil sendo um dos candidatos o longo das décadas, Guterres desabafou, sorrindo:

"Essa é uma questão que custa um milhão de dólares. Se eu pudesse responder a essa pergunta… [Neste caso], ganharia um milhão de dólares!".

Em seguir, manifestou:

"Eu acredito que a reforma do Conselho de Segurança [da ONU] é uma coisa importante, eu já falei isso e estou de acordo que nenhuma reforma das Nações Unidas será possível sem a reforma do Conselho de Segurança. Mas eu reconheço que, em primeiro lugar, é algo que cabe às competências dos países-membros. Cabe aos países-membros seguir nessa direção. E, segundo, é um assunto muito complexo. Acredito que nos aspetos de metodologia, em que o progresso é possível e relativamente simples, e algum progresso já foi feito no passado recente, existem as questões sobre a composição, ou sobre o ampliamento dessa composição, que eu considero como relativamente simples elas serem discutidas, mesmo não sendo elas assim tão simples. O assunto mais difícil é a integração na qualidade de membro permanente [do Conselho de Segurança], e aqui eu sou obrigado a admitir que estejamos longe da situação em que uma solução seja visível."

​Além disso, o secretário-geral respondeu a uma série de outras perguntas, assinalando durante seu discurso que o mundo está à beira de perder o controle sobre os armamentos, o que é completamente inaceitável.

"Há um princípio fundamental — não podemos deixar os sistemas de armas saírem do controle humano. E já estamos perto deste cenário", assegurou. "É algo que me interessa muito, e aquilo que deve ser de interesse para a comunidade internacional, e eu posso desempenhar meu papel a este respeito e posso incitar os países-membros da ONU a respeitarem suas obrigações", acrescentou Guterres.

O diplomata também foi perguntado sobre aquilo que se pode fazer no âmbito da organização para normalizar as perturbadas relações entre Moscou e Washington.

"Eu próprio não sou capaz de resolver os problemas nas relações dos dois Estados. E não é uma questão de mediação: são duas grandes potências que têm seus próprios canais de comunicação. Se eu puder ajudar com algo, estou disposto. Estou convencido de que que ambos os países devem resolver juntos os problemas da modernidade", ressaltou.

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Para mais, sublinhou que vai fazer todo o possível para que os EUA voltem a participar da UNESCO e do Conselho de Direitos Humanos, instituições que atuam sob os auspícios da ONU e das quais Washington saiu durante a administração Trump.

Sendo que a discussão se deu em pleno clima da Copa, o secretário-geral não conseguiu evitar perguntas sobre o futebol, embora tenha confessado não ser "fanático" da modalidade. Desejou, porém, boa sorte para a equipe anfitriã do Mundial que acabou surpreendendo todo o mundo com duas vitórias avassaladoras a fio.

"Espero que os resultados muito bons das primeiras duas partidas ganhem continuidade no futuro. Reconheço que será uma grande alegria para o público russo", disse, sorrindo.

Adianta-se também que no âmbito da sua visita o alto oficial se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, e o chanceler do país, Sergei Lavrov, para discutir os assuntos mais urgentes da pauta internacional, entre eles a situação na Síria e a resolução dos conflitos coreano e iraniano.

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