'Putin é novo czar da energia mundial', ou por que Arábia Saudita agora depende de Moscou

© Sputnik / Sergey Guneev / Acessar o banco de imagensPresidente russo, Vladimir Putin, com rei saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud, durante visita histórica do monarca à Rússia
Presidente russo, Vladimir Putin, com rei saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud, durante visita histórica do monarca à Rússia - Sputnik Brasil
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Durante mais de meio século, a Arábia Saudita podia impor os preços do petróleo à sua vontade para ganhar imensos lucros, podia punir os rivais inundando o mercado e a sua liderança na OPEP era inquestionável. Mas as coisas mudaram, e agora é a Rússia que assume as rédeas do mercado global da energia, informa a Bloomberg.

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Desde que, no fim de 2016, a OPEP e a Rússia acordaram em reduzir o volume da produção petrolífera, Vladimir Putin se tornou a figura mais influente do grupo.

"Putin agora é o czar da energia mundial", afirmou Helima Croft, ex-analista da CIA que dirige a estratégia global de matérias primas no banco de investimentos RBC Capital Markets LLC.

O líder russo estará no centro das atenções em 30 de novembro durante a reunião da OPEP com os outros 11 países produtores de petróleo que não são membros do cartel em Viena. A saúde econômica e política das nações assinantes. que em conjunto extraem 60% do petróleo mundial, vai depender dos resultados da reunião.

Uma aliança mutuamente benéfica

Uma vez que a Rússia se aliou com a OPEP, o seu presidente se tornou a figura mais influente no cartel, o que se reflete em uma política exterior destinada a conter a influência dos EUA através de medidas econômicas, diplomáticas, militares e de inteligência. Essa estratégia, apoiada pela vasta riqueza de recursos naturais da Rússia, parece estar funcionando, afirma a Bloomberg.

Mas essa aliança é incómoda para a Arábia Saudita, o maior exportador do mundo, que está descontente com a carga extensa dos cortes assumidos.

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Além do mais, ela se queixa que nem todos os produtores estão cumprindo completamente as suas obrigações e estão cada vez mais frustrados com as dúvidas de Moscou na hora de prolongar o acordo.

No entanto, "os sauditas precisam de um grande parceiro produtor de petróleo para influenciar o mercado de uma maneira efetiva, enquanto para a Rússia existe uma ótima oportunidade para desempenhar um maior papel geopolítico e econômico no Oriente Médio", afirmou Edward C. Chow, membro do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington.

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Porém, esta aliança é "mutuamente benéfica", porque se as partes concordarem em prolongar o acordo para cortar a produção de petróleo eles evitarão a subida de preços o que impediria as ambições dos EUA de produzir mais petróleo de xisto.

Riad depende de Moscou? 

Para Riad, compartilhar as decisões de produção com Moscou, um aliado do seu arqui-inimigo Irã, é uma pílula amarga de engolir. Mas agora a economia saudita vacila e a monarquia precisa de preços mais elevados do petróleo, porque o seu orçamento para o próximo ano se baseia no preço de petróleo de 40 dólares por barril.

A operação contra a corrupção lançada pelo príncipe herdeiro do trono Mohamed bin Salman, que incluiu a detenção de dezenas de membros da família real e elites empresariais sauditas, parece ter aumentado a dependência da Arábia Saudita da Rússia. A purga anticorrupção alterou o modelo que durante décadas manteve unida a elite saudita e transformou o programa ambicioso de reformas econômicas de Salman em uma batalha pela sobrevivência.

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