Após o colapso da União Soviética, a Ucrânia tornou-se a segunda mais importante fonte de tecnologia militar para a China, após a Rússia. Kiev tinha patentes significativas em áreas sensíveis da indústria aeroespacial, motores de aeronaves, mísseis, radares e sistemas de propulsão navais.
De acordo com o especialista militar, a Ucrânia ajudou muitas vezes a China a evitar as restrições às exportações de tecnologia militar, tendo também transferido tecnologia para Pequim a um preço muito mais baixo.
Kashin explicou que, apesar da influência dominante dos EUA na política ucraniana desde a década de 90, Washington fez pouco para interromper essa cooperação. Os norte-americanos intervieram apenas em casos particularmente importantes, como o do fornecimento de mísseis de cruzeiro soviéticos Kh-55 para o Irã e a China na década de 2000.
A Sich Engine tem uma longa história de cooperação com a China nas áreas de desenvolvimento, manutenção e fornecimento de motores tanto civis como militares, aeronaves não tripuladas e mísseis de cruzeiro. A perda do mercado russo durante a crise forçou a empresa ucraniana a aumentar essa cooperação, afirmou o analista.Segundo Kashin, ainda recentemente as autoridades ucranianas apoiaram os contatos da Motor Sich com os chineses. Assim, em maio de 2017, o vice-premiê ucraniano Stepan Kubiv mencionou planos de criar uma fábrica de motores de aviação no município chinês de Chongqing com base em tecnologia ucraniana.
É possível que essa cooperação tenha atraído a atenção dos Estados Unidos, disse o analista.
"Se os projetos existentes para criar joint ventures e efetuar transferência de tecnologia forem suspensos devido à pressão dos órgãos de segurança ucranianos, Pequim terá que retomar os antigos métodos para obter tecnologias: adquirir licenças individuais e convidar especialistas. Tudo isso poderia diminuir significativamente o progresso dos programas chineses", disse o analista à Sputnik.
Além disso, Kashin advertiu sobre o possível aumento da pressão por parte dos serviços de segurança ucranianos em outros projetos de cooperação entre a China e as empresas da indústria militar ucraniana, principalmente no que se trata do consórcio espacial Yuzhmash.
"Os riscos associados com a cooperação com um país cliente dos EUA, que não tem sua própria política externa independente, deveriam ter sido óbvios para a China. O gigante asiático deveria ter aprendido a lição de cooperação técnico-militar com Israel", frisou Kashin.
O conflito grave entre Israel e os EUA surgiu, em particular, devido ao acordo de entrega de sistemas de alerta precoce à China. Israel deveria equipar três aviões chineses com radares Phalcon. No entanto, após forte pressão por parte dos EUA, em julho de 2000 Israel foi forçado a descartar o acordo, com um valor potencial de US$ 1 bilhão.
Além disso, os EUA forçaram Israel a suspender a colaboração no desenvolvimento do caça ligeiro chinês J-10 com base no projeto israelense Lavi.
"É muito provável que algo parecido aconteça agora com a cooperação sino-ucraniana", concluiu Kashin.
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