Quais benefícios para Moscou traz bloqueio diplomático de Doha pelo mundo árabe?

© Sputnik / Mikhail Klimentiev / Acessar o banco de imagensPresidente russo Vladimir Putin em encontro no Kremlin com o ministro das Relações Exteriores do Qatar
Presidente russo Vladimir Putin em encontro no Kremlin com o ministro das Relações Exteriores do Qatar - Sputnik Brasil
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Em 5 de junho, Bahrein, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Líbia, Iêmen e vários outros países romperam as relações diplomáticas com Qatar. Como este divórcio no mundo árabe pode influenciar nas relações entre Doha e Moscou?

Doha, la capital de Catar - Sputnik Brasil
Qatar não quer agravar tensão com países árabes que cortaram relações diplomáticas
Embora Rússia e Qatar ocupem lados opostos no conflito sírio e as empresas russas compitam com seus colegas qatarenses no mercado de gás, ultimamente estão surgindo indícios de que em breve essas tendências negativas nas relações bilaterais poderiam ser revertidas.

De acordo com o jornal Vzglyad, a participação ativa da Rússia na guerra síria, ao invés de piorar as relações entre Moscou e Doha, como previam vários analistas, levou a uma aproximação.

"Inicialmente, o emir qatariano visitou Moscou, depois disso a Fundação Soberana de Investimento Qatar [junto com a empresa suíça Glencore] pagou 10 bilhões de dólares para comprar ações da empresa russa Rosneft", explica a edição russa.

Tudo isso indica que, pouco a pouco, a Rússia e Qatar podem chegar a um acordo sobre a regulação do conflito na Síria, já que nenhuma destas nações se interessa no contínuo da guerra.

Atualmente, forças externas, especialmente anglo-saxônicas, tentam se aproveitar dos conflitos existentes na região.

Não obstante, como ocorreu durante a Primavera Árabe, as consequências nem sempre seguem o jogo dos EUA e do Reino Unido. A participação ativa de Moscou no conflito sírio contribuiu para o fortalecimento da influência da Rússia no Oriente Médio e para a queda do respectivo poderio americano.

Presidente russo Vladimir Putin e presidente turco Recep Tayyip Erdogan reunem-se em São Petersburgo, Rússia, 9 de agosto de 2016 - Sputnik Brasil
Putin e Erdogan trocam impressões sobre situação do Qatar
Por outro lado, o conflito na Síria não é o primeiro que Qatar e a elite governante deste país árabe têm com seus vizinhos. Sua postura em relação à situação no Irã, Palestina e no Líbano tem mais a ver com os interesses do mundo árabe e a compreensão da comunidade dos fiéis do islã, que a dos seus oponentes sauditas.

"Claro que a família Al Thani [família governante do Qatar] está tentando utilizar as discordâncias do mundo ocidental. Não obstante, o nível destas discordâncias é tal que os governantes dos países árabes podem escutar promessas completamente diferentes em Londres e em Washington. Isso pode ainda mais complicar a situação e estressar os emires do Golfo Pérsico que não entendem qual jogo está sendo jogado pelos países ocidentais", escreve o correspondente do Vzglyad, Pavel Akopov.

Nestas circunstâncias, Qatar passará a ver a Rússia com mais interesse e começará a considerar o país eslavo como um sujeito leal e forte na arena internacional, cujas palavras não contradizem às suas ações, assegura o analista.

"No que se refere à esfera de exportações de gás e petróleo, é melhor cooperar do que competir com Moscou", insistiu.

Akopov também assinala que o tema ao redor do Qatar está relacionado com o problema iraniano. Os países do Golfo Pérsico têm que determinar qual será a natureza da relação com o país persa — de paz ou de confronto.

No que se trata da situação relacionada com a confrontação entre o Irã e os países árabes, a Rússia não tenta afastar os oponentes um do outro, mas sim diminuir as tensões de forma gradual e contínua.

"O caminho até a paz é através de Moscou", concluiu o jornalista.

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