Para que o Ocidente analisa possíveis cenários de uma guerra com Rússia?

© AFP 2023 / MICHAL CIZEKTropas da OTAN na Europa Oriental
Tropas da OTAN na Europa Oriental - Sputnik Brasil
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O conselheiro do presidente dos EUA para a Segurança Nacional Herbert McMaster disse há dias que chegou a hora de negociações duras com a Rússia dado seu apoio ao governo sírio e suas ações provocatórias na Europa.

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Enquanto a OTAN está realizando os exercícios militares Summer Shield XIV na Letônia para treinar a reação a armas de destruição em massa, os analistas do centro de pesquisas norte-americano RAND apelaram no início da semana ao Departamento de Defesa dos EUA para avaliar a eficiência com que a OTAN poderá suprimir os sistemas de defesa antimíssil russos em Kaliningrado, escreve Aleksandr Khrolenko, observador da Sputnik.

A revista estadunidense Washington Examiner informou, em 16 de abril, o seguinte: "Os EUA estão enviando para a Europa caças F-35 devido à tensão com a Rússia… no âmbito do programa da OTAN Iniciativa sobre Segurança Europeia."

A revista analítica norte-americana especializada em temas político-militares The National Interest escreveu em 13 de abril sobre os preparativos do exército dos EUA para combater armamentos russos e chineses: "É evidente que os EUA estão cada vez mais preparados para combater com sucesso inimigos tão grandes e tecnologicamente desenvolvidos como a Rússia ou a China."

Mais cedo, a revista norte-americana Foreign Policy sublinhou que "as tropas dos EUA devem tirar uma lição da derrota das Forças Armadas da Ucrânia em Debaltsevo".

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Geografia do conflito

Os peritos ocidentais ultimamente têm analisado de modo persistente e sistemático as variantes de uma guerra dos EUA e OTAN contra a Rússia. A maioria dos cenários possíveis têm lugar nos Países Bálticos, Síria e nos Bálcãs.

O algoritmo do começo da guerra entre os EUA e a Rússia na Síria é detalhadamente descrito pelo jornal britânico Daily Mail.

The Washington Post também escreve sobre uma possível guerra entre o Ocidente e a Rússia na Sítria: "As ações decididas de Trump foram fortemente aplaudidas, tanto por muitos em Washington, como pelos aliados dos EUA. Porém, Moscou, o protetor principal de Assad, ficou furiosa… Quanto maiores forem os objetivos da administração na Síria, mais vulnerável ficará a Casa Branca a pressões que levem ao aumento da tensão."

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Aliás, o recente ato de agressão não sancionado pela ONU, o ataque com mísseis dos EUA contra um aeródromo na Síria, é uma prova da continuidade histórica. O Departamento de Estado dos EUA, ainda um ano atrás, apelou ao presidente Barack Obama para bombardear o exército governamental de Bashar Assad, apesar de na Síria estarem estacionadas forças da Força Aeroespacial e navios da Marinha russas.

A revista norte-americana The National Interest sublinha: "Os EUA devem diminuir a intervenção da Rússia em muitas frentes" e propõe mais um campo de batalha para os EUA e a Rússia – os Bálcãs.

De acordo com a maioria dos analistas ocidentais, para a Rússia não existe uma via de desenvolvimento pacífica: "Se Putin escolher o caminho mais fácil, então os Bálcãs serão para ele a melhor opção. Ele poderia transformar alguns lugares em focos reais de tensão. Aqui estão alguns dos maiores problemas: conflito entre a Sérvia, Croácia e Kosovo, dificuldades na Macedônia, combates na Bósnia e Herzegovina, situação desfavorável no mar Negro." No entanto, para a Rússia, a situação no mar Negro é bastante propícia.

A fonte de informação norueguesa AldriMer.no, por sua vez, opta pelo oceano Atlântico como possível campo de batalha: “Toda a frota Atlântica pode ser destruída” por uma dúzia de submarinos de ataque e estratégicos russos. AldriMer.no levanta o alerta: “Os russos chegaram a um nível tecnológico completamente diferente, nomeadamente no que diz respeito a mísseis, tendo alcançado paridade tecnológica com os EUA… O número de mísseis de cruzeiro instalados em cada submarino impressiona… A OTAN deve mudar sua concepção sobre a proteção de frotas.”

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Mas para que a mídia norueguesa está aterrorizando a população do país com coisas deste tipo já é um grande enigma.

Escolha das armas

Poucos consideram possível um duelo entre os “dois mundos” com utilização de ogivas nucleares, mas, mesmo neste caso, o governo norte-americano pretende sobreviver. O Ocidente geralmente prefere comparar as capacidades das armas convencionais.

A maior ameaça advém dos sistemas antiaéreos russos S-300, S-400 и S-500, que podem ser usados com sucesso contra a aviação norte-americana: ”A Rússia testou muitos métodos e meios para vencer a tecnologia furtiva… Por causa de seu escalonamento e integração o sistema de defesa antiaérea torna os ataques com aeronaves de 4ª geração tipo F/A-18E/F Super Hornet e F-16 Fighting Falcon extremamente desvantajosos. No entanto, o sistema de defesa antimíssil russo terá dificuldades em combater os aviões furtivos de 5ª geração tais como o F-22 Raptor e o caça de ataque unificado F-35."

Mas a última ideia é bem teórica. Se o F-22 e o F-35 não chegarem à Rússia, o sistema de defesa antiaérea escalonado não os ameaça.

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Outra história de terror para os europeus é o supercaça de 6ª geração Mig-41, que substituirá o famoso MiG-31 (que desenvolve velocidades de Mach 2,83) e conquistará no céu tudo o que não poderá conquistar seu “irmão mais velho” T-50 PAK FA.

É verdade que um grupo de quatro caças-interceptores Mig-31 é capaz de controlar um espaço aéreo com 1.100 quilômetros de frente, mas os aviões desse tipo não representam uma ameaça para os EUA e países da OTAN ao contrário dos F-35, que já estão pertíssimos da Rússia.

Além disso, os EUA devem recear a artilharia reativa da Rússia, nomeadamente o lançador múltiplo de foguetes pesado TOS-1A, que com uma só descarga pode destruir tudo numa área de 200 por 400 metros. Infelizmente, a revista The National Interest não explica onde é que se pode esperar esse ataque.

A revista online norte-americana Defense One fala da preparação do Pentágono para uma guerra de carros de combate com a Rússia. O recurso informático Inquisitr avisa abertamente os leitores sobre uma confrontação de grande escala "quase garantida" com a Rússia e cita altos responsáveis militares estadunidenses: a terceira guerra mundial será curta e mortífera, enquanto os conflitos armados atuais permitem aos exércitos testar seus "armamentos do futuro".

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E depois disso se pode levar a sério "a ameaça russa que horroriza a Europa"? Depois de ler esses opúsculos, pode parecer que o Ocidente está sonhando com o começo de uma confrontação militar com a Rússia, fazendo os possíveis para a fazer entrar numa guerra.

A resposta provável

Vale destacar, que a Rússia pode ser mesmo dura (por exemplo, bombardear territórios de outros países), sendo essa posição uma medida extrema. Segundo informações do Estado-Maior da Força Aeroespacial, a aviação militar russa está orientada para destruir os meios de ataque do inimigo, inclusive os portadores de armas de precisão em aeródromos, navios de superfície e submarinos.

"Se olharmos para a posição geoestratégica da Rússia, veremos que a ameaça principal à sua segurança militar advém de grupos de meios de ataque aeroespacial de outros Estados. Os resultados dos últimos conflitos armados mostram que é impossível vencer uma guerra só com meios de defesa. O mesmo vale para a esfera aeroespacial da luta armada”, disse o vice-comandante da Força Aeroespacial da Rússia, tenente-general Viktor Gumenny.

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É evidente que no caso de haver agressão externa, a defesa aeroespacial da Rússia terá um caráter ofensivo ativo. As tarefas prioritárias serão a supressão do sistema de comando da aviação do inimigo e a “diminuição da eficácia do grupo orbital de aparelhos espaciais do inimigo”. É preciso compreender que a primeira vítima tecnológica de uma grande guerra será o sistema de GPS.

A Força Aeroespacial da Rússia colocará em breve em serviço o sistema de mísseis antiaéreo promissor S-500, capaz de abater a partir de terra os satélites do inimigo, porque os mísseis Tomahawk não podem funcionar propriamente sem o GPS.

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