Opinião: Não pode haver segurança na Europa Ocidental se for contra a Rússia e vice-versa

© AP Photo / Alik KepliczSoldado polonês durante os exercícios da OTAN na Polônia, 2016
Soldado polonês durante os exercícios da OTAN na Polônia, 2016 - Sputnik Brasil
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A OTAN tem sempre se referido à inexistente ameaça russa como pretexto para justificar o reforço militar maciço no Leste da Europa e no Báltico. O doutor Jan Oberg, diretor da Fundação Transnacional para a Pesquisa da Paz e do Futuro, afirmou à Sputnik que a abordagem da segurança do bloco vai, de fato, levar a um conflito armado.

"Não pode haver segurança na Europa Ocidental se ela for contra a Rússia. Só pode ser com a Rússia. E vice-versa, não pode haver segurança para a Rússia se for contra a Europa. Temos que pensar sobre a defesa, segurança e paz de uma forma nova, ou em algum momento chegará o fim do mundo. Com isso eu quero dizer as tensões que levarão a uma guerra convencional. Se houver uma guerra convencional, é muito possível que as armas nucleares sejam usadas. É algo que nunca deve acontecer. Estamos brincando com fogo e devemos pôr um fim a isso", explicou.

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Oberg, especialista internacional em assuntos de paz e conflitos, rejeitou as afirmações da OTAN de que a Rússia supostamente represente uma ameaça militar para o Ocidente, apontando para a desigualdade nas despesas militares, ou seja, Moscou gasta com defesa apenas cerca de 8% das despesas militares dos países-membros do bloco.

O analista também tem feito duras críticas em relação à estratégia da OTAN que visa ostensivamente melhorar a segurança.

"É um erro comum na mídia, na política e em outras esferas — [pensar] que há um certo modo de avaliar a ameaça e depois se adapta seus efetivos militares para corresponder a essa ameaça. Por volta de 50 anos atrás, aqueles de nós que lidam com estes problemas de modo profissional rejeitaram essa teoria", afirmou.

Na opinião de Oberg, aqueles que exigem o aumento das despesas militares ou uma maior presença militar, não estão interessados em reforçar a segurança, já que isto apenas pode ser atingido através da construção de medidas de confiança em vez da militarização.

Em uma conversa com a Sputnik Internacional, o analista sugeriu que a Rússia e a OTAN devem "se sentar e falar daquilo que nos faz não confiar um no outro". Tais conversações ajudariam ambos os lados a poupar o dinheiro gasto com militarização, que "nunca representa uma resposta à falta de confiança", acrescentou.

"A razão para trabalhar com tais assuntos, para criar paz e construir confiança é entender por que não confiamos uns nos outros, em primeiro lugar. Quando soubermos isso, não vamos precisar de todas estas armas", afirmou.

Além disso, Oberg caracterizou o reforço da OTAN no Leste da Europa e na região do Báltico como "algo para além do racional". O especialista adiantou que os adversários, com efeito, tinham razões para se sentir ameaçados na época da Guerra Fria, mas "esses fundamentos já se foram".

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"Hoje em dia, a Rússia está sozinha contra 28 membros da OTAN e nós, no Ocidente, estamos gritando e berrando sobre a enorme ameaça da Rússia", observou.

Oberg também expressou que a abordagem atual da OTAN em relação à defesa pode, no final, provocar a desintegração do bloco.

"A fraqueza crescente do Ocidente consiste em que gastamos quase todo o dinheiro em um paradigma completamente errado daquilo que é preciso para criar segurança e paz. Tanto mais que é contraproducente", resumiu. "A meu ver, daqui a 10 ou 15 anos a OTAN já não vai existir se eles continuarem na mesma."

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