Dirigente curdo: 'Rojava é o lugar mais calmo na Síria hoje'

© REUTERS / Kai PfaffenbachA Turkish Kurd holds a flag during the funeral of three Kurdish fighters killed during clashes in Kobani, in this October 23, 2014.
A Turkish Kurd holds a flag during the funeral of three Kurdish fighters killed during clashes in Kobani, in this October 23, 2014. - Sputnik Brasil
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Sputnik Turquia entrevistou o co-presidente do Movimento da Sociedade Democrática (TEV-DEM) do cantão de Kobane, Ahmed Seho. Ele comentou a situação em Rojava, região que abriga os curdos sírios, bem como o projeto de implantação de um sistema federativo no norte da Síria.

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Sputnik: Você poderia falar, em linhas gerais, sobre a situação atual dos curdos na Síria?

Ahmed Seho: Começando em 2011, desde o dia do início da crise na Síria, os curdos queriam preservar os direitos adquiridos, na qualidade de uma importante parcela do povo sírio. No entanto, algumas partes, principalmente a Turquia e seus aliados, começaram a desferir golpes contra os curdos e seus direitos. Eles fizeram de tudo. Começando por provocações políticas e terminando em ataques militares. Particularmente, a história dos curdos que se viram atacados por militantes do Daesh em Kobane se transformou em exemplo para todo o mundo. Durante os ataques contra Kobane, a Turquia mostrou o seu verdadeiro rosto. O país ajudou Daesh, treinando e fornecendo equipamentos aos jihadistas. Tentou, dessa forma, destruir os curdos de Rojava. A população de Rojava viveu períodos críticos e difíceis. Todos os representantes do nosso povo, residentes de Kobani, imigraram. Com a liberação da cidade, no entanto, eles retornaram às suas terras.

Apesar de todas as dificuldades, o governo autônomo está garantindo, em grande parte, as necessidades da população. Ao olhar para a situação da Síria em geral, percebe-se que Rojava é o lugar mais seguro e calmo no país neste momento. O motivo disso, é o fato da população de Rojava não estar sob proteção de nenhuma terceira força. A região realizou sua própria revolução, considerando os interesses do seu povo.

A situação não pode ser considerada excelente, mas comparando Rojava com outras regiões da Síria — Aleppo e Raqqa, por exemplo — podemos dizer que o nível de vida em Rojava é muito superior.

S: O projeto de uma federação autônoma no norte da Síria recebe apoio das forças internacionais, envolvidas na crise do país?

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De que precisam forças curdas para lutar com sucesso contra Daesh?
AS: Conduzimos um trabalho diplomático com objetivo do reconhecimento desse projeto em todo o mundo. Rússia e EUA, que desempenham importantes papeis na crise síria, não são contrários ao nosso projeto. A Rússia, inclusive, exigiu reiteradas vezes a realização desse projeto. Além disso, os EUA também não se manifestaram contra o nosso sistema. Diversos países europeus, com quais nos realizamos reuniões, enviaram delegações e viram com seus próprios olhos o nosso projeto e os seus resultados. Segundo alguns, a solução da questão síria pode ser alcançada através da realização desse projeto não só em Rojava, mas em todo o território da Síria. O projeto de um sistema federativo traz em si a solução de todos os problemas. Cada um que vive nessa sociedade possui o direito de autodeterminação.

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