Funerais do mainstream ocidental

© AFP 2023 / GERARD JULIENJornais e revistas da Europa
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A Sputnik lhes apresenta a opinião do colunista da edição italiana, Giulietto Chiesa.

Estamos assistindo aos funerais do maistream ocidental. As invectivas russófobas hoje em dia têm as formas tão absurdas que resultam no efeito oposto. Em vez do ódio eles provocam curiosidade. Em vez do desprezo — admiração.

E como tudo isso está baseado, na maioria dos casos, em tentativas de descrédito da personalidade de Vladimir Putin, ocorre o seguinte: a popularidade internacional do líder russo se transforma no indicador da derrota terrível, do auto-de-fé do jornalismo ocidental.

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Os centros ocidentais de monitoramento da opinião pública registram sinais de grande preocupação e descontentamento. O exército invisível de centenas de milhares de propagandistas ocidentais não parece mais ser capaz de produzir e reproduzir toxinas suficientes para envenenar a opinião pública europeia. A mensagem que vem "do lado do inimigo" parece se tornar cada vez mais atraente. Apesar de abertamente Putin ser chamado de assassino (reproduzindo a lista de suas "vítimas": Politkovskaya, Litvinenko, Nemtsov, os mortos no acidente do Boeing malaio, os que sofreram o bombardeio de Aleppo, etc.), de corrupto (por ter supostas contas em bancos offshore), de expansionista agressivo (por ter "ocupado" a Ucrânia e "anexado" a Crimeia) e de agressor potencial (por "tentar invadir" os Países Bálticos), isso resulta em que os leitores e espectadores ocidentais, as pessoas da rua na Europa, sentem mais admiração por ele do que rejeição.

Por exemplo, é cada vez mais evidente para um número crescente de pessoas que a Rússia foi o fator decisivo para a derrota do chamado Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Daesh, organização terrorista proibida na Rússia). Isto significa que a Rússia ajudou a Europa na luta contra o terrorismo internacional.

Portanto, Putin é um amigo e não um inimigo. Os assassinos "encomendados" por Putin permanecem registrados na memória de muitos leitores/espectadores, mas para muitos outros (cujo número está crescendo) isso parecem ser invenções da mídia sem quaisquer provas, que pouco combinam com a realidade. A fábula de uma iminente agressão russa contra o Báltico e a Polônia afeta apenas parte dos povos locais e parece ridiculamente infundada a milhões de europeus.

As sanções antirrussas não as quer ninguém na Europa, e muitos não podem mesmo explicar por que os líderes europeus decidiram ir contra seus próprios interesses econômicos.

Em resumo, os fatos desmentem os preconceitos. Então tudo o que resta é aumentar a dose de propaganda, até à mania de perseguição de Joe Biden, o vice-presidente americano, que na televisão acusa a Rússia até de ser capaz e querer "mudar significativamente" o resultado das eleições presidenciais americanas. Mas é um gol contra que mostra que a América se tornou vítima de uma agressão tecnológica da Rússia. A fidedignidade desta acusação é igual a zero (até porque todo mundo sabe que ela vem de um país que inventou as "revoluções coloridas" em dezenas de países).

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As redes sociais são todas americanas e funcionam a favor do Ocidente, mas agora elas também transmitem mensagens contraditórias. Há a RT. Há ainda na Europa mentes independentes. A situação de monopólio informativo-comunicativo acabou. E aqui o mainstream lança um novo ataque: "bloquear a propaganda" do Kremlin porque a nossa propaganda já não está funcionando como devia. Portanto, em primeiro lugar, é preciso reforçar a tese, segundo a qual tudo o que vem "daquela parte" é propaganda. Segundo ponto do plano: impedir a atividade de canais inimigos criando obstáculos técnicos políticos, administrativos, judiciais e policiais; detendo jornalistas inimigos (como foi o caso da Ucrânia); encerrando contas bancárias da RT na Grã-Bretanha, bloqueando transmissões de televisão e rádio de onde para o ar sai heresia do Kremlin.

Estamos assistindo à introdução da censura no Ocidente, que era orgulhoso de sua liberdade e pluralismo. Os papeis foram invertidos. A competição de ideias, mesmo que ela seja dura e muito difícil, mas que é útil para verificar as diferenças, foi substituída pela proibição. Entra em vigor no ocidente o Ministério da Verdade de Orwell e se alguém não fizer parte dele, tem que ser parado, eliminado, afastado.

Eis, sublinho, o funeral de que participamos e a que estamos assistindo. O funeral dos princípios que fizeram o Ocidente se tornar forte e que agora parecem obsoletos para ele.

A opinião do colunista da Sputnik Itália pode não corresponder à editorial.

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