Por que Rússia reequipa a Força Aérea síria?

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Dentro em pouco o parque de equipamentos militares sírio será completado com aviões russos modernizados.

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A Força Aérea síria recebeu de fabricantes russos seus primeiros aviões Sukhoi Su-24M2 modernizados capazes de funcionar em quaisquer condições climáticas. De acordo com relatórios da mídia, estes aviões estão previstos para melhorar as capacidades da Força Aérea da Síria na luta contra terrorismo, no entanto, segundo os especialistas, Moscou e Damasco têm seus próprios motivos.

Segundo a edição Al-Masdar News, em complemento dos dois aviões já recebidos, Síria espera mais oito aeronaves no futuro mais próximo. Os aviões, conforme foi dito foram reequipados "para aperfeiçoar suas capacidades e melhorar a eficiência em combate", inclusive aviônica melhorada, com GPS e GLONASS, e uma nova tela HUD (Heads Up Display).

Comentando a notícia, o colunista Anton Mardasov da edição Svobodnaya Pressa escreveu que "à primeira vista, não há nada de incomum nesta notícia: enfraquecidos por anos de guerra, o parque da Força Aérea Síria precisa de reequipamento urgente. Apenas no mês passado, o esforço contra os Islâmicos resultou na perda de dois dos seus aviões".

"E se a lógica por trás desta etapa reside em mais do que apenas o reequipamento da Força Aérea Síria?", perguntou o jornalista. "Quando se coloca esta notícia em todo o contexto do que está acontecendo na Síria, começa ficando a impressão de que o governo russo, com a entrega destes bombardeiros à Síria, está dando um passo bem pensado".

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"Julguem por vocês mesmos", Mardasov sugeriu: "Em 26 de julho, depois de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, falou de progresso nas negociações sobre a Síria. Em particular, [falou] de coordenação nos ataques aéreos contra o Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia] e a Frente al-Nusra e simultaneamente o fim dos bombardeios contra insurgentes 'moderados'. No entanto, estes ‘moderados’ não deixaram as linhas de frente e continuam lutando contra Assad e seu exército. Se Moscou está do lado de Damasco, ele tem a obrigação de ajudá-lo a repelir esses ataques. Parece que a pressão de Washington nos tem forçado a nos afastarmos, mas e se isso for apenas uma formalidade?"

O cerne da questão, de acordo com o jornalista, é que pouco importa se é a Força Aeroespacial russa que bombardeia, ou se é a Força Aérea Síria a fazê-lo. "Que diferença tem se é o piloto russo ou o sírio que está no controle do Su-24? O principal é que as bombas caiam sobre os alvos designados".

Solicitado a comentar a entrega dos Su-24M2, o especialista militar Yakov Kedmi, um ex-alto funcionário dos serviços de inteligência israelenses, disse à Svobodnaya Pressa, que a entrega foi planejada há muito tempo.

"Depois que a Rússia se envolveu ativamente no conflito sírio, Moscou, também iniciou, simultaneamente, suas atividades para restaurar as Forças Armadas sírias, em primeiro lugar a Força Aérea síria. Isso inclui a modernização dos Su-24MK". A decisão sobre o número de aviões, de acordo com Kedmi, tem que ver com o número que a Força Aérea síria é atualmente capaz de absorver.

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"Naturalmente, uma cooperação mais estreita entre aeronaves e veículos blindados, artilharia e infantaria exige que os pilotos falem a língua local e estejam familiarizados com as táticas das unidades nacionais. [Portanto], como eu entendo, a Rússia vai continuar fornecendo armas novos e modernizadas ao exército sírio. E isso vai continuar, independentemente das negociações com os Estados Unidos", concluiu Kedmi.

Por sua parte, Semyon Bagdasarov, diretor do Centro para o Estudo do Oriente Médio e da Ásia Central, não acredita que as entregas não ajudem a reforçar o potencial do exército sírio, inclusive na sua luta contra os jihadistas "moderados".

Finalmente, por sua parte, Sergei Balmasov, um especialista do Instituto para os Estudos de Médio Oriente em Moscou, destacou que Moscou deve ter cuidado para não ignorar completamente os interesses de Washington na Síria.

"Continua sendo necessário, de uma forma ou de outra, coordenar a nossa atividade com os americanos, de modo a não ultrapassar uma espécie de 'linha vermelha'".

"Além disso", Balmasov observou, "é importante preservar a possibilidade de um diálogo político com os EUA, e o conflito Sírio é um dos poucos tópicos de que podemos falar". Em última análise, observou o analista, lutar contra a chamada oposição moderada Síria "é necessário, mas somos forçados a tentar andar por fora das linhas desenhadas por Washington". Caso contrário, os EUA podem trabalhar ainda mais para intensificar a pressão política e militar sobre Damasco e Moscou.

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