'Rússia é obrigada a reagir' às ações da OTAN (EXCLUSIVO)

© Sputnik / Vitaly Belousov / Acessar o banco de imagensO secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC na sigla em inglês) Nikolai Bordyuzha
O secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC na sigla em inglês) Nikolai Bordyuzha - Sputnik Brasil
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O secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC na sigla em inglês) Nikolai Bordyuzha, concedeu uma entrevista exclusiva à Sputnik.

Sputnik: Será que a OTSC tomará medidas para evitar a escalação da situação em Nagorno-Karabakh?

Nikolai Bordyuzha: A OTSC teve e tem participação neste problema através o seu potencial político. Mesmo aquilo que na altura o presidente Putin fez por via de se encontrar com os dois líderes e elaborar certos passos conjuntos dirigidos a atingir um compromisso foi precisamente a ação de um dos chefes de Estado da OTSC.

Outra questão é que hoje não só a OTSC, mas todos devem aceitar as medidas necessárias para que o conflito não aumente, que termine, que as ações militares, os bombardeios sejam cessadas. Ninguém precisa disso. Isso ameaça criar um conflito muito grande no Cáucaso. Por isso, os líderes, primeiramente do Azerbaijão, devem compreender isso.

S.: Muitos especialistas escreveram que se trata de tentativas de envolver a Rússia. Quem pode ter interesse nisso?

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N.B.: Eu não diria quem está interessado. Em todo o caso, aquilo que certos países fazem mostra realmente que estão sendo criados pontos de tensão, e não só no Cáucaso, para que a Rússia seja envolvida neles. Nós vemos como as autoridades turcas se comportam quando as suas ações não levam à cessação do derramamento de sangue na Síria e só agravam a situação. Por isso, eu não excluo que certas ações, pelo menos as declarações que foram feitas, especialmente pela chefia da Turquia em apoio da solução militar no Karabakh, mostrem que há forças que não seriam contra o desencadeamento de um conflito muito sério e de grande escala no Cáucaso.

S.: O que pode ser dito sobre as recentes negociações entre a Armênia e o Azerbaijão, agora que a Geórgia já partilhou da sua posição?

N.B.: Sabe, há mecanismos internacionais. Eles funcionam. Eles simplesmente atualmente devem intensificar a sua atividade e tentar pôr fim a esta fase ativa do conflito. Há o chamado grupo de Minsk. Eu acho que este grupo tem um mandato para exercer uma atividade intermediária.

S.: Recentemente [o representante permanente da Rússia na OTAN, Aleksandr] Grushko disse que a Rússia responderá à instalação por parte da OTAN dos seus tanques no leste da Europa. Como a Rússia poderia reagir? Será que estão sendo dados alguns passos?

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N.B.: Sabe, a Rússia é obrigada a reagir porque a deslocação de armas pesadas nos países bálticos, o aumento do número de aviões que estão sendo usados para patrulhamento, a criação de novas estruturas militares, o restabelecimento da antiga infraestrutura militar, primeiramente nos países bálticos, é nada mais do que o aumento de atividade militar na proximidade das fronteiras russas. E a Rússia, como qualquer Estado saudável e normal, deve reagir, tomar medidas preventivas que garantam a sua prontidão para quaisquer ações imprevisíveis.

Mais do que isso, sabe, que a chefia dos países bálticos achou uma nova via de retirar dinheiro da Europa. Eles falam a todos que o exército russo começará em breve uma intervenção no território deles. É por isso, eu diria, que eles estão pedindo esmola, mas extorquem dinheiro dos seus irmãos mais velhos, provocando por este via o agravamento da situação na fronteira.

S.: O premiê e o presidente sérvios declaram que a Sérvia continuará mantendo neutralidade. Como a OTSC vê isso e será que no futuro a cooperação continuará, apesar disso?

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N.B.: É o direito soberano da Sérvia – determinar o seu estatuto. Hoje a Sérvia é um país neutro, que, em geral, não planeja entrar em blocos militares. Mas na Sérvia, como em qualquer país, é preciso garantir a segurança, é preciso contradizer os desafios que ele enfrenta. E você sabe que recentemente grandes massas de refugiados tinham inundado a Sérvia. É bom que a chefia da Sérvia tenha tratado da situação de forma eficaz. Mas, mesmo assim, o problema das drogas, como se diz, continua. As questões de terrorismo, de recrutamento de pessoas para participação em ações militares no território da Síria e do Iraque, tudo isso são os problemas, que não só a Rússia e os países-membros da OTSC enfrentam, mas também a Sérvia. São estas as direções nos quais nós podemos ter a cooperação frutuosa. 

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Mesmo a troca de informações sobre a avaliação da situação político-militar, a troca de experiências de realização de operações antiterroristas, a atividade militar, também são precisas. Por isso, há pontos de contato para a nossa interação. E, claro, nós vamos desenvolver a cooperação nestes pontos.

S.: Como a Sérvia pode manter a neutralidade no pano de fundo de aumento da presença da OTAN no leste da Europa?

N.B.: Não é uma questão para mim, mas eu acho que não há necessidade de entrar num bloco político-militar. Mais do que isso, quando vemos como certos países vizinhos são arrastados. Eu falo sobre o Montenegro. Mas cooperar com outros países, inclusive com a Rússia, é completamente viável e para isso não é de maneira nenhuma preciso mudar o seu estatuto. O mais importante é que exista a vontade política e o desejo de cooperar na garantia de segurança do povo e do país.

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