E o povo? Pessoas comuns avaliam trégua na Síria

© Sputnik / Valeriy MelnikovPessoas numa padaria em Damasco
Pessoas numa padaria em Damasco - Sputnik Brasil
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As hostilidades ainda continuam na Síria, mas o povo já vive à espera de 27 de fevereiro quando deve entrar em vigor o cessar-fogo entre o exército regular do país e a assim chamada oposição moderada armada.

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A trégua prevê suspensão de confrontos entre todas as partes do conflito, exceto organizações terroristas como o Daesh e a Frente al-Nusra.

As opiniões dos sírios comuns divergem em relação à dita trégua. Por exemplo, em Damasco, que vive em segurança relativa, muitos habitantes opinam que o cessar-fogo só dará tempo aos grupos armados extremistas que também fazem parte da oposição moderada para respirar um pouco e ganhar novas forças após derrotas que sofriam nos combates com o exército governamental. Outra parte dos habitantes da capital síria esperam que a trégua se torna em uma chance para a volta do país aos tempos de paz.

Somente em prol dos sírios

O oposicionista Sinan Diyab que não faz parte de qualquer organização paramilitar saúda a trégua porque ela reduz bruscamente os riscos para a população civil ficar sob fogo durante confrontos e catalisa o processo de regularização pacífica no país.

“Mas há uma condição: esta trégua não abrange os terroristas de maneira nenhuma. O fato que o Daesh e a Frente al-Nusra são excluídas deste acordo é bom, mas há outras organizações terroristas também. Por isso a regularização pacífica não deve contradizer a política de luta contra terrorismo no país porque a trégua é feita em prol dos sírios e em prol da regularização política entre os sírios”, sublinhou.

Passo importante

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O jurista Ali al-Ahmad opina que a trégua é um passo importante na resolução da crise no país. Mas, segundo ele, há muitas contradições porque o acordo sobre o cessar-fogo não garante paz de pleno valor entre os lados opostos para a restauração do país.

“Embora seja uma chance para resolver a crise no país através do Conselho de Segurança da ONU, mas a situação no campo de batalha é capaz de minar a regularização pacífica em qualquer segundo”, disse.

Porém, muitos sírios veem na trégua uma esperança para o povo esmagado pela guerra.

“Isto não é só para o bem ou oposição, mas sim também é para o bem de todo o povo sírio”, disse doutora das ciência políticas da Universidade de Damasco Butheyna Musa.

A trégua é irrealizável

Entretanto, nem todos têm boas expectativas da trégua. Assim, Akram Azuz, que trabalha como jurista em Damasco, disse à Sputnik que a trégua não é realizável porque o cessar-fogo somente pode ocorrer entre países ou exércitos.

“Vivemos na Síria – que é um Estado soberano. Mas o que acontece aqui não é uma guerra, mas sim terrorismo internacional organizado <…> e temos pleno direito de defender a nossa soberania, mas a trégua só dá solo fértil a grupos terroristas para realizarem guerra na Síria”.

Azuz opina que o cessar-fogo por parte das tropas governamentais não dá garantias de trégua por parte do lado oposto da frente.

Nada dará certo?

O jornalista sírio Basil Muhammad divulga uma previsão bastante escura sobre o acordo de cessar-fogo.

“Nada dará certo porque os terroristas não obedecem a nenhuns acordos. São dirigidos por forças políticas externas. O nosso governo decidiu suspender fogo, mas o problema é que os terroristas não estão de acordo para cessar o fogo”.

Soldier of the 4th Brigade Air Defense (NORAD) air and space defense forces (ASD) in the combat control room - Sputnik Brasil
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Na segunda-feira (22) foi publicado uma declaração conjunta dos EUA e Rússia sobre a Síria segundo a qual a trégua entre as forças governamentais da Síria e grupos armados da oposição deve entrar em vigor a partir de 27 de fevereiro. Porém, a dita trégua não será aplicada às organizações Daesh, Frente al-Nusra (ambas proibidas na Rússia) e outras formações reconhecidas como terroristas pela ONU.

Esta é mais uma tentativa de pôr fim à guerra civil no país, iniciada em março de 2011 e que resultou em mais de 4 de milhões de pessoas refugiadas e desalojadas, além de um número de mortos que, para organismos como a ONU, atinge 250 mil. No quadro deste conflito sangrento o governo do país luta contra facções de oposição e contra grupos islamistas radicais como o Daesh (também conhecido como “Estado Islâmico”) e a Frente al-Nusra. 

Um processo pacífico está também em curso entre os grupos de oposição e representantes do governo. Amanhã (26 de fevereiro), o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, irá anunciar a data da renovação da série de negociações Genebra 3. Desta vez, as negociações terão lugar em outra cidade da Suíça, Montreux.

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