EUA já não sabem quais são os 'seus' rebeldes na Síria

© AFP 2023 / USMCFuzileiros navais norte-americanos em al-Qaim, perto da fronteira síria, oeste do Iraque
Fuzileiros navais norte-americanos em al-Qaim, perto da fronteira síria, oeste do Iraque - Sputnik Brasil
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O que soa ridículo para alguns, representa a realidade para outros. Os EUA cometeram muitos erros na Síria e o último parece ter sido o pior.

Os aliados norte-americanos começaram a lutar uns contra os outros. De acordo com fontes na oposição armada “moderada” síria, citados pelo portal de notícias BuzzFeed, alguns grupos de rebeldes apoiados pelos EUA começaram a combater contra outros grupos, também apoiados por militares dos EUA.

Esta semana, Furqa al-Sultan Murad, o batalhão rebelde apoiado pela CIA, foi atacado pelos militantes curdos ou YPG, apoiados pelo Pentágono, em Aleppo na Síria.

"É muito estranho, e eu não consigo entender", disse Ahmed Othman, comandante da Furqa al-Sultan Murad. Ele disse que tem estado em contato regular com seus assessores americanos sobre os problemas no terreno.

"Os americanos devem parar [o YPG] — eles devem dizer-lhes: ‘Vocês atacam grupos que nós apoiamos, como apoiamos a vocês», disse Othman. "Mas eles estão apenas observando. Eu não entendo a política dos EUA."

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No fim-de-semana, a Turquia disparou contra as posições do YPG próximo de Azaz, cidade na fronteira com a Turquia, a partir da qual é feito  o abastecimento militar dos grupos rebeldes. Fazendo isso, a Turquia colocou os EUA em uma posição difícil já que o seu aliado YPG está sob ataque de um membro da OTAN. A Turquia insiste que o YPG curdo sírio, que combate o Daesh na Síria, teria estado envolvido no atentado de quarta-feira (17) em Ancara, que resultou em 28 mortes.

"Isso é um grande problema", disse Andrew Tabler, especialista sobre a Síria no Instituto de Washington para a Política do Oriente Médio. "Não é apenas uma política contrassenso. É que nós estamos perdendo a influência tão rapidamente para os russos que as pessoas simplesmente não estão mais nos ouvindo».

O funcionário turco, que concordou em falar sob condição de anonimato, condenou os EUA e disse que a sua política na Síria falhou.

"O YPG está tomando as terras e aldeias de grupos que estão recebendo ajuda americana", disse ele. "Estes são os grupos que não estão apenas recebendo ajuda americana. Alguns deles também têm formação dos americanos."

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O coronel Patrick J. Ryder, um porta-voz do Estado Maior dos EUA, respondeu às alegações em um e-mail, dizendo que ele não tinha dados para confirmar ou negar a notícia sobre os potenciais confrontos entre vários grupos de oposição».

Um funcionário do Departamento de Estado reconheceu que os EUA têm um problema com os seus aliados na Síria, que pode resultar em uma catástrofe.

«Dissemos a todas as partes que os recentes movimentos provocatórios no norte da Síria, que só serviram para exacerbar as tensões e diminuir o foco no Daesh, são contraproducentes e minam os nossos esforços coletivos, cooperativos no norte da Síria", disse o funcionário, que falou ao BuzzFeed.

Considerando os compromissos recentes, as possibilidades de criação de uma força árabe, crucial para combater o Daesh na Síria, parecem estar perto de zero, de acordo com Andrew J. Tabler do Instituto de Washington.

"Se continuarmos assim, os EUA só vão ter uma opção, uma força com quem podem trabalhar, é o YPG. Não vão ter a opção árabe", disse ele. «O que seria bom se os curdos fossem a maioria da população síria, mas eles não são. Precisamos dos árabes sunitas para derrotar o Daesh».

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