Raúl Castro em Paris: Diversificar para não depender só dos EUA

Uma visita histórica. É desta forma que muitos analistas políticos definem o significado da visita que o presidente de Cuba, Raúl Castro, realizou à França nos primeiros dias deste mês.

Recebido pelo presidente francês, François Hollande, Raúl Castro discutiu com ele os termos da dívida cubana com a França e elogiou o Governo da França por ter sempre se posicionado a favor da sociedade cubana ao longo do embargo econômico decretado pelos Estados Unidos contra o seu país.

Ricardo Quiroga Vinhas, conselheiro da Associação Cultural José Martí e membro do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba, destaca que esta foi a primeira viagem de um representante do Governo de Cuba – o máximo representante, em duas décadas – a Paris. “Dentro dessa nova relação entre Cuba e Estados Unidos, é importante essa sinalização, porque demonstra que também se quer diversificar, para não depender só do comércio com os EUA, um comércio que ainda vai ser incipiente porque o bloqueio não terminou. Por outro lado se consegue um apoio econômico da França a Cuba e também apoio político no sentido de combater o bloqueio.”

Além disso, segundo Ricardo Quiroga Vinhas, visitas como esta possibilitam renegociar em outras condições, mais favoráveis, as dívidas de um país com outro – e Cuba tem dívidas com a França.

“Neste sentido, é sempre importante, até porque Cuba também está tentando estabelecer melhores relações com a União Europeia. Provavelmente nos próximos meses nós veremos algum tipo de novidade em relação à questão da dívida. Cuba sempre tem problemas em rolagem de dívida porque sofre a proibição de negociar em dólar, o que sempre atrapalha, além da falta de crédito por conta do bloqueio, Então, indo negociar diretamente com o Governo francês, o resultado deverá ser positivo para a economia cubana.”