Militante: ‘Daesh prepara atentado que superará o 11 de setembro’

© AP Photo / STR / Acessar o banco de imagensSimpatizantes realizam passeata em apoio ao Estado Islâmico em Mosul, no Iraque
Simpatizantes realizam passeata em apoio ao Estado Islâmico em Mosul, no Iraque - Sputnik Brasil
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A Sputnik Turquia conseguiu fazer uma entrevista com um dos membros turcos do Daesh, sequestrado pelas Unidades de Proteção Popular (YPG) curdas na Síria.

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Mahmut Gazi Tatar é de origem curda e é oriundo da cidade turca de Adiyaman, ele estudou na universidade até 2015, quando se juntou ao Daesh. O futuro militante trabalhou em um campo de refugiados sírios, onde conheceu Ahmet K. que ajudou Tatar a aprender a base da religião islâmica. Depois Ahmet foi obrigado a abandonar Adiyaman e se juntou ao Daesh na Síria. Com ajuda de Ahmet, Tatar conseguiu atravessar a fronteira entre a Turquia e a Síria. Isso aconteceu a um quilómetro do posto de controle fronteiriço. Durante esta operação, Tatar não viu nenhum soldado turco. Ele atravessou a fronteira com 17 homens de idades diferentes, de 17 a 50 anos. Todos queriam se tornar militantes do Daesh. Na fronteira do lado sírio se encontraram com um membro do Daesh, Abu Bakr, que os levou para uma vila perto da fronteira. Quando juntaram mais 10 homens, foram transportados para um campo de treinamento a 5 km da fronteira turca, onde foram treinados e assistiram a aulas religiosas.

“Antes de começar os treinamentos, perguntaram-nos se queríamos nos tornar homens-bomba. É uma questão comum para todos”, disse.

Tatar se recusou e passou 70 dias no campo treinando. Durante os treinamentos, alguns homens turcos visitaram o campo para verificar o local. Não eram militantes do Daesh.

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Quando os treinamentos terminaram, o seu grupo de 27 homens foi enviado para Tal Abyad. Todos os homens tinham ido da Turquia e, por isso, o seu destino era Tal Abyad, a cidade de maioria turcomena. Naquela altura, Tatar não podia comunicar com a sua família. Durante os primeiros seis meses depois de adesão ao Daesh é proibido aos militantes do Daesh falar com a sua família.

No campo de treinamento, os comandantes do Daesh disseram que não pretendiam atacar a Turquia. Tatar afirma que entre os militantes do Daesh há mais de um mil turcos. Os integrantes do Daesh tentam recrutar uma pessoa quando esta está sozinha, começando a contar sobre o Islã. Os treinamentos se realizam em bairros pobres em grupos pequenos. Segundo Tatar, ele assistiu às aulas de Ahmet no grupo de 5 rapazes. Ahmet dizia a eles que o Daesh é a única organização correta que aspira criar um Estado islâmico em todo o mundo e que no futuro próximo todos os países se juntarão num único califado.

© Sputnik / Hikmet DurgunMahmut Gazi Tartar, ex-membro do Daesh
Mahmut Gazi Tartar, ex-membro do Daesh - Sputnik Brasil
Mahmut Gazi Tartar, ex-membro do Daesh

Em 15 de junho de 2015, as unidades YPG fizeram-no prisioneiro em Tal Abyad. Os comandantes do Daesh disseram que as unidades curdas se aproximaram da cidade e ordenaram-lhes abandonar Tal Abyad. Alguns grupos de militantes se acumularam na vila mais próxima onde foram obrigados a esperar mais de meia hora. Quando ordenaram partir viu que não havia bastantes veículos e na vila ficaram 12 pessoas, inclusive Tatar. O militante se vestiu à civil e queria fugir para Raqqa mas os curdos tomaram todas as posições. Quando saiu da vila foi detido pelos curdos. Os curdos tratam bem dos cativeiros, dão comida, água e cigarros. Tatar temia que os curdos torturassem-no ou matassem-no, mas eles não matam seus prisioneiros. 

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Durante os treinamentos, um dos comandantes, Abu Talha, disse-nos que o Daesh vende petróleo para a Turquia. Segundo ele, o dinheiro que ganhou vendendo petróleo ajudou o Daseh a resolver todos os seus problemas financeiros. Todos os dias caminhões-tanque levavam petróleo e mazute para a Turquia. Também disse que o petróleo é vendido com ajuda de muitos empresários e corretores mas não deu nomes deles. Além disso, o Daesh recebe muitos produtos da Turquia e países árabes. Os comandantes de Tatar não deram importância aos bombardeamentos norte-americanos dizendo que isso é feito só para manter a aparência. 

A maioria dos militantes, segundo Tatar, são da Arábia Saudita, Tunísia, Iêmen, Qatar, Líbano e Egito. Atravessam a fronteira turca e juntam-se ao Daesh. Os comandantes diziam aos militantes que pretendem cometer um atentado que superará os ataques de 11 de setembro.

Tatar lamenta ter se juntado ao Daesh. Agora o seu destino não é agradável. Pode ser trocado por um curdo e depois os terroristas o matarão porque falou sobre eles. Se retornar para a Turquia, será preso porque foi um militante do Daesh.

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