Embaixador egípcio: cooperação com Rússia desenvolve-se intensivamente

© AP Photo / Mikhail KlementyevVladimir Putin e Abdel Fattah al-Sisi
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Mohammed al-Badri, embaixador do Egito na Rússia, deu uma entrevista sobre a investigação da queda do avião russo de passageiros na península do Sinai, comércio bilateral e a cooperação na luta contra o Daesh.

Sputnik: Quando teremos o relatório sobre a queda do avião russo А321? Segundo foi dito, os resultados seriam apresentados até 30 de novembro.

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Mohammed al-Badri: Em primeiro lugar, quero expressar as minhas mais profundas condolências aos cidadãos russos, em meu nome pessoal, em nome do Governo egípcio e do povo do Egito… Nós não queremos tirar conclusões prematuras sobre as causas da tragédia. Acreditamos que é necessário restaurar o quadro completo do que aconteceu e vamos levar o tempo que for necessário. No momento, nós não excluímos quaisquer versões das causas do acidente.

S: Não poderia pelo menos indicar aproximadamente a data prevista de publicação do relatório?

MB: Não tenho nenhuma informação. Eu sei que estão sendo desenvolvidos esforços intensos de cooperação entre especialistas da Rússia e do Egito. Eles se ajudam mutuamente.

S: Os especialistas russos envolvidos na investigação continuam no Egito?

MB: A cooperação prossegue.

S: Qual a versão da catástrofe que o lado egípcio considera como principal?

MB: Neste caso, levamos em conta o que foi anunciado pela Rússia. Esta versão [ataque terrorista] é considerada como uma das principais em nossa investigação. No entanto, preferimos nos abster de conclusões prematuras.

S: Em 31 de janeiro, terá lugar no Egito uma reunião da comissão intergovernamental Rússia-Egito. O que se pretende discutir? 

MB: A agenda é muito ampla. Em primeiro lugar, se pretende falar em detalhe sobre a criação de uma zona industrial russa no Egito. Este projeto traz um enorme benefício para ambos os países, é uma grande oportunidade de investimento para as empresas russas. Vai-se falar sobre o aumento de atração turística do Egito para os russos. Espero que, até à data da reunião, as comunicações aéreas entre a Rússia e o Egito sejam restabelecidas. Isso permitirá falar sobre trocas mais intensas na área do turismo. Também se planeia falar sobre a promoção de investimentos, especialmente na zona do Canal do Suez, bem como sobre as trocas comerciais entre os dois países e a produção conjunta em várias áreas.  

S: A questão da construção da usina nuclear não será abordada?

MB: Esse é um mega-projeto. Há muitos aspetos que irão ser discutidos. Esse projeto tem uma série de nuances.

S: Se a Rússia abandonar ou suspender a execução do projecto da usina nuclear de Akkuyu na Turquia, isso pode acelerar a execução do projecto no Egito…

MB: Nós assinámos com a Rússia o contrato de construção da usina nuclear no Egito em 19 de novembro. Isso foi antes do incidente com o avião russo sobre a Síria.

A empresa Rosatom é conhecida por sua eficiência. Temos um plano de trabalho, um cronograma de implementação faseada. E nós vamos agir de acordo com este plano. O Egito nunca aproveitou e não irá aproveitar as dificuldades de outros países nos seus interesses.

S: A questão da cooperação militar será abordada?

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MB: Essa questão é tratada pelos seus canais próprios. O ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, esteve no Egito há uma semana.

O problema do avião afetou apenas uma área de nossa cooperação – o turismo. No resto, a cooperação está se desenvolvendo intensivamente. Poucos dias após [a queda] do avião, foi assinado o contrato da usina atômica e a Rússia decidiu abrir um serviço consular em Hurghada.

S: O Egito está pronto a fornecer aos consumidores russos os produtos alimentícios antes fornecidos pela Turquia?

MB: O Egito está pronto para usar todas as suas capacidades para atender as necessidades do mercado russo. Na quarta-feira, tive uma reunião com representantes do Ministério da Agricultura da Rússia. Discutimos a lista de bens que a Rússia necessita, as especificações. Nós passamos toda esta informação para o Egito. Vamos tentar ajudar a estabelecer pontes entre os exportadores no Egito e os importadores na Rússia. Já criámos nossas próprias rotas para Novorossiysk e São Petersburgo. Recebemos permissão para realizar voos de carga.

S: O que podem os produtores egípcios oferecer especificamente à Rússia?

MB: Laranjas, peras, outra fruta, bem como legumes.

S: Como país árabe, o Egito tem desempenhado um papel importante na luta contra o terrorismo. Estará o seu país disposto a participar de uma operação terrestre contra o Daesh?

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MB: O Egito integra a coligação internacional contra o terrorismo. Mas nós não participamos do componente militar da coalizão. Nós não enviamos nossas tropas ao exterior. A guerra contra o terrorismo não inclui apenas a participação militar. Há muitos outros aspectos: colaboração na informação, reconhecimento, coibição de ações de propaganda dos extremistas, contraposição aos recrutadores de combatentes, que atuam de forma extremamente descarada.

S: No Cairo irá abrir um Centro de Informação como o de Bagdá?

MB: As consultas entre os nossos dois países continuam de forma muito intensa. Putin e Sisi são unânimes quanto à consolidação dos esforços para combater o terrorismo. E estes não se devem limitar à cooperação bilateral, mas atingir um nível global.

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