‘Absolutamente aterrorizante’: enfermeiro do hospital afegão fala da tragédia

© AP Photo / Médecins Sans FrontièresHospital destruido em Kunduz, Afeganistão
Hospital destruido em Kunduz, Afeganistão - Sputnik Brasil
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Um enfermeiro do hospital afegão de Kunduz, Lajos Zoltan Jecs, estava dentro do edifício quanto o ataque ocorreu. Ele descreve a sua experiência.

"Era absolutamente aterrorizante. Eu estava dormindo em nosso quarto seguro no hospital. Por volta das duas horas, fui acordado pelo som de uma grande explosão nas proximidades. No começo eu não sabia o que estava acontecendo. Durante a semana passada nós tínhamos ouvido bombardeios e explosões antes, mas sempre mais longe. Este era diferente, era perto e muito forte", diz Lajos Zoltan Jecs.

No sábado (3), às duas horas da madrugada (horário local) um hospital em Kunduz, no norte do Afeganistão, foi atacado. Nele estavam na altura cerca de 200 pessoas. Segundo os últimos dados, morreram 22 pessoas (12 deles eram pessoal médico da MSF, 3 eram crianças) e 37 foram feridas. Mais de 30 desapareceram. 

Segundo o enfermeiro, no início houve confusão e não se via nada por causa da poeira. Em seguida, houve mais bombardeios. 

"Depois de 20 ou 30 minutos, ouvi alguém chamar o meu nome. Era um enfermeiro da secção das urgências. Ele cambaleava com um enorme ferimento no seu braço. Ele estava coberto de sangue, com ferimentos por todo o corpo. "

Depois de talvez uma meia hora, o bombardeio parou. Lajos Zoltan Jecs descreveu como ele começou a ver o que tinha acontecido. 

"O que vimos foi o hospital destruído, queimado. Eu não sei o que eu senti, apenas um choque de novo ".

"Tentamos dar uma olhada em um dos prédios em fogo. Eu não posso descrever o que havia dentro. Não há palavras para dizer como foi terrível. Na Unidade de Terapia Intensiva seis pacientes estavam queimando em suas camas ".

Ele então disse que eles encontraram alguns sobreviventes no departamento de internamento. Em seguida, em um bunker seguro ao lado, vimos que os que estavam lá não foram afetados.

"Vimos os nossos colegas morrendo. Nosso farmacêutico… Eu estava conversando com ele ontem à noite e planejar as ações, e ele morreu ali em nosso escritório."

Ele disse que trabalhava neste hospital desde maio e já tinha visto uma série de condições médicas bastante graves:

"Mas é uma história totalmente diferente quando eles são seus colegas, seus amigos. Estas são as pessoas que estavam trabalhando duro por meses, sem parar, durante a semana passada. Eles não tinham ido para casa, eles não tinham visto as suas famílias, eles só tinham estado a  trabalhar no hospital para ajudar as pessoas… e agora eles estão mortos."

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