O Professor Bianchi, que é também do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas do IAG da USP, explicou que o forte terremoto foi provocado pelo movimento das placas de Nazca, a placa oceânica na costa chilena, que estaria se movimentado por baixo da Placa Sul-Americana.
“O contato gera um atrito que de tempos em tempos libera energia em forma de tremores, que emitem ondas que se propagam até o território brasileiro.”
Bianchi explica que até hoje é impossível prever terremotos, e assim poder prevenir as populações.
“A gente tem a ideia de que terremotos deste tipo acontecem. Sabemos que este tipo de terremoto acontece, mas não há como prever. É uma coisa que se tem que ficar monitorando e tentar gerar um alerta para a possibilidade de tsunami.”O especialista não acredita que um novo terremoto desta intensidade volte a acontecer agora em sequência no Chile.
“Com essa intensidade, eu acho que as probabilidades são baixas, mas não podem ser descartadas. O que nós estamos monitorando, que vem desde ontem (16), são as réplicas menores, de magnitude em torno de 5 e 6 [na Escala Richter]. Isso está ocorrendo a uma por hora, pelo menos. Quem está no Chile sente, mas nós aqui no Brasil não sentimos esses tremores menores.”
Marcelo Bianchi acredita que o fato de o terremoto ter sido sentido em cidades de São Paulo de forma mais significativa do que em outras regiões do Brasil tem a ver com a grande quantidade de arranha-céus nas cidades do Estado. O horário também influenciou, pois muitas pessoas estavam em casa, já descansando, o que favoreceu a maior percepção do fenômeno.
“Os instrumentos que existem espalhados pelo mundo são mais sensíveis e detectaram isso no mundo inteiro. Em São Paulo, com uma densidade de pessoas muito grande, prédios muito altos – isso tende a amplificar os efeitos das ondas. Ou seja, há mais gente para sentir o tremor, prédios mais altos para colocar as pessoas em situação favorável ao sentir, e mesmo o horário, foi um horário em que as pessoas estavam chegando em casa, tentando relaxar, condição que favorece a percepção desses eventos.”
O especialista em sismologia esclarece que, apesar das ondas do terremoto no Chile terem se propagado até o Brasil, isso não causa nenhuma consequência ou perigo para o país.
“Esse tipo de evento que aconteceu no Chile não traz perigo para o Brasil. Traz esse desconforto, esse susto a que nós não estamos acostumados, mas não existe registro aqui no Centro de Sismologia de que tal efeito tenha causado algum dano permanente ou momentâneo. É mais o susto mesmo. Uma coisa que não acontece todo dia, e as pessoas nem sempre reconhecem logo de cara como sendo um terremoto distante.”
Marcelo Bianchi explica que no Brasil acontecem terremotos com frequência, mas, devido à baixa intensidade na Escala Richter, a população não percebe.
“O terremoto mais grave que ocorreu no Brasil foi em 1955, na Serra do Tombador, no Norte do país. Foi de cerca de 6,2 a 6,6 na Escala Richter.”
O especialista revela que as localidades com maior incidência de terremotos no país estão no Rio Grande do Norte; em Minas Gerais, na cidade de Montes Claros; no Estado de Goiás; e em Tocantins.
De acordo com autoridades chilenas, até o início da noite desta quinta-feira (17) foram confirmados 11 mortos no terremoto no Chile. Dezenas de pessoas ficaram feridas, e mais de 1 milhão tiveram que deixar suas casas.
Segundo o Consulado-Geral do Brasil em Santiago, que acompanha de perto a situação, não há, até o momento, notícia de cidadãos brasileiros entre as vítimas.
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