Chanceler turco justifica falta de encontro entre Erdogan e Obama

© AFP 2023 / SAUL LOEBO presidente dos EUA, Barack Obama, ajusta seus fones de ouvido de tradução simultânea durante uma conferência com o então primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan
O presidente dos EUA, Barack Obama, ajusta seus fones de ouvido de tradução simultânea durante uma conferência com o então primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan - Sputnik Brasil
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O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, desmentiu os rumores de que a Casa Branca recusou-se a acolher o presidente turco.

Secretário de Estado dos EUA John Kerry (à esquerda) e o ministro das Relações Exteriores da Turquia Mevlut Cavusoglu - Sputnik Brasil
EUA e Turquia lançam operação militar conjunta contra Estado Islâmico
Foi em uma entrevista coletiva que Cavusoglu disse que a viagem do premiê Ahmet Davutoglu à Assembleia Geral da ONU, em vez do próprio Erdogan, em setembro, não tem nada a ver com a recusa de Barack Obama de reunir-se com Erdogan pessoalmente.

De acordo com o chanceler, nem houve pedido por parte de Ancara:

“Não se trata de uma recusa por parte do senhor Obama a um pedido de encontro por parte do senhor presidente [Erdogan]. Nós não enviamos nenhuma solicitação à Casa Branca, portanto, não recebemos nenhuma recusa. Estas informações não correspondem à realidade”.

Explicou, aprofundando-se ainda mais nesta justificativa, que existe uma “tradição diplomática” na Turquia: “o presidente e o primeiro-ministro se trocam a cada ano em reuniões da Assembleia Geral da ONU e em cúpulas do G20:

“No ano passado, a Turquia foi representada na Assembleia Geral da ONU pelo senhor presidente, neste ano é o senhor primeiro-ministro quem irá a Nova York. No ano passado, o senhor Davutoglu participou da cúpula do G20, neste ano, a cúpula terá lugar no nosso país e será presidida pelo senhor Erdogan. É por isso que o senhor presidente não vai a Nova York, e não adianta buscar outras explicações”.

Diferença temporal

Foi na mesma coletiva que Cavusoglu confirmou que a operação conjunta turco-estadunidense contra o Estado Islâmico está pronta para começar. Mais cedo, John Kirby, representante oficial do Departamento de Estado dos EUA, tinha negado que houvesse prontidão.

Cavusoglu culpou a “diferença temporal” que impediu a chegada a tempo de informações mais recentes aos EUA.

Porém, ainda mais cedo, há duas semanas, a Turquia primeiro negava que os aviões norte-americanos tivessem decolado de pistas de bases militares turcas, nomeadamente da maior delas, Incirlik, no sul, perto da fronteira com a Síria. Depois, as autoridades explicaram que tinham falado em “aviões turcos”, e não “aviões estadunidenses” que estariam decolando sem o intuito de bombardear as posições dos rebeldes.

© AFP 2023 / BRENDAN SMIALOWSKIDiscrepâncias inciais nas declarações oficiais de Ancara e Washington parecem ser linguagem especial nas relações entre os dois países
Discrepâncias inciais nas declarações oficiais de Ancara e Washington parecem ser linguagem especial nas relações entre os dois países - Sputnik Brasil
Discrepâncias inciais nas declarações oficiais de Ancara e Washington parecem ser linguagem especial nas relações entre os dois países

A Turquia vive uma situação especialmente tensa desde 20 de julho, quando uma explosão matou mais de 30 pessoas na cidade de Suruc, perto da fronteira com a Síria. O autor do atentado foi reconhecido como um membro do Estado Islâmico que visava um grupo de voluntários da minoria étnica curda (presente na Turquia, Síria e Iraque), que estavam preparando um plano de restauração para a cidade de Kobane, na região curda da Síria e proibida pelo Estado Islâmico, grupo terrorista proibido na Rússia e uma série de outros países.

No dia seguinte ao atentado, dois policiais turcos foram mortos por militantes do Partido dos Trabalhadores Curdos, braço extremista armado dos curdos da Turquia. E no final daquela semana, um grupo de terroristas do Estado Islâmico tentou violar a fronteira sírio-turca, o que provocou o primeiro combate transfronteiriço contra o Estado Islâmico para a Turquia. Ato seguido, Ancara pediu ajuda aos EUA, disponibilizando para esse país as suas bases militares.

Mas depois, o presidente Erdogan anunciou que o seu alvo principal eram os militantes curdos, provocando críticas por parte da comunidade internacional. O chanceler russo Sergei Lavrov instou todas as partes combatentes a deixarem o "acertar das contas" para depois, centrando-se no momento no combate à ameaça terrorista.

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