Itália pede ao Ocidente para não isolar a Rússia

© AFP 2023 / Yoshikazu TSUNOPrimeiro-ministro italiano Matteo Renzi
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O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi disse que a Rússia desempenha um papel muito importante na resolução dos problemas internacionais e, por isso, os países ocidentais não devem isolar Moscou, disse o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi ao jornal japonês Nikkei em uma entrevista publicada na quarta-feira.

"A Rússia é um parceiro importante na luta contra o Estado Islâmico", disse ele.

"O diálogo com Moscou é vital, apesar da deterioração das relações entre os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia por causa da crise ucraniana", acrescentou Renzi.

Durante a sua reunião com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, no início da semana, Renzi salientou a importância de envolver a Rússia nas discussões sobre questões globais e regionais. 

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Opinião: Itália sofre com as sanções antirussas

Ao mesmo tempo, a mídia japonesa considera que Renzi está falando nas entrelinhas. A Itália, que abandonou a energia nuclear, é totalmente dependente do gás russo. Além disso, Renzi ainda espera devolver o maior mercado [russo] aos agricultores italianos.

Provavelmente, o governo italiano percebeu  a vacuidade das sanções contra a Rússia e, como Renzi sublinhou, sem o gás russo e o diálogo com Moscou, os riscos tornam-se excessivos.

Tiberio Graziani, presidente do Instituto de Estudos Avançados em Geopolítica (ISAG) e editor-chefe da revista italiana "Geopolítica", comenta a situação:

"A Itália tem uma relação especial com a Rússia, tanto em termos de cultura quanto de economia. Desde o colapso da União Soviética, antes da crise ucraniana, os laços económicos sempre foram muito fortes. Na questão ucraniana a Itália era, desde o início, um dos países que propunha um diálogo entre a Rússia e o assim chamado mundo ocidental liderado pelos Estados Unidos. Mais tarde, a Itália teve de juntar-se à posição da UE e às instruções da América".

Especialista italiano opina que a Rússia é uma das grandes potências militares que desempenha um papel importante no balanço das forças no mundo: 

"Este sinal de Renzi significa que há vários países na UE que perceberam que cometeram um erro. Um país como a Rússia não pode ser isolado nem politicamente nem economicamente e, especialmente, do ponto de vista militar. Me parece impossível combater o terrorismo sem o apoio da Rússia, sem o seu serviço de inteligência e armamentos".

De acordo com Graziani a posição do primeiro-ministro italiano é muito razoável devido a situação atual no país: 

"Numa altura em que a Itália está realizando uma série de reformas, é necessário manter boas relações com os seus parceiros económicos tradicionais, um dos quais é definitivamente a Rússia, país que fornece o gás aos países da UE. Espero que outros líderes da Europa se juntem ao sinal de Renzi enviado a partir do Japão".

Na opinião de vários políticos europeus, a União Europeia, com seus problemas internos, não tira vantagens das sanções contra a Rússia. O fato de que a Grécia quase saiu da zona do euro mostra a fraqueza da UE. E, em vez de fortalecer os laços com o grande parceiro económico, a UE apoia as sanções impostas pelos EUA.

A União Europeia, os Estados Unidos e seus aliados introduziram várias sanções contra a Rússia, acusando Moscou de interferir no conflito ucraniano. Estas acusações têm sido repetidamente negadas pelo Kremlin.

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