Presidenciável português augura aumento de impostos, desemprego e recessão para Grécia

© REUTERS / Yannis BehrakisGrécia tem até esta terça-feira (30) para pagar parcela da dívida a credores internacionais
Grécia tem até esta terça-feira (30) para pagar parcela da dívida a credores internacionais - Sputnik Brasil
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O candidato à presidência de Portugal, Paulo Morais, que convidou o premiê grego Alexis Tsipras para visitar Portugal e ver as consequências do programa de austeridade, abordou, numa entrevista exclusiva para a Sputnik, os problemas de Portugal e explicou como o novo plano europeu irá prejudicar o povo e a economia grega.

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“Eu acho que o plano de austeridade aplicado agora na Grécia <…> é um plano muito violento. E o aumento de impostos irá trazer seguramente uma recessão, mais desemprego. A redução de salários e de pensões trará muitas dificuldades para os gregos e para as famílias gregas”, disse Morais à Sputnik.

Porém, o político português opina que isto não é a única consequência negativa das novas medidas de austeridade:

“O plano que está previsto de privatizações irá seguramente alienar todo o patrimônio que pertence hoje ao povo grego”.

Morais opina que “foi isso que aconteceu nos últimos anos em Portugal <…> As empresas foram vendidas a qualquer preço, a saldo”.

“Eu acho que os políticos gregos deveriam vir visitar Portugal e ver as consequências terríveis do aumento de impostos, da recessão, das privatizações mal feitas”, insiste o político.

Para ele o plano grego é tão ruim que, apesar das dificuldades atuais, o povo grego ainda vai experimentar muitas mais dificuldades.

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Paulo Morais explicou os efeitos negativos da privatização à pressa no exemplo da empresa francesa Vinci, com predomínio de capitais americanos, que controla os aeroportos de Portugal e as principais vias perto de Lisboa:

“Há uma empresa estrangeira que controla as principais entradas na capital do país – isto do ponto de vista da defesa nacional é até perigoso”.

Comentando a recente aprovação por parte do Parlamento grego nesta quarta-feira (15) o acordo alcançado nesta segunda-feira com os líderes da zona do euro, o candidato à presidência portuguesa disse que “ontem na Grécia foi dado um grande golpe na democracia europeia e ocidental”.

Segundo Morais, a vontade do povo grego que no referendo de 5 de julho disse “não” às medidas de austeridade foi completamente desrespeitada. Ele acha que a decisão mais justa para o próprio primeiro-ministro grego Alexis Tsipras será agora sair porque ele agora implementa o contrário do que sempre defendeu:

“Isso não é democracia”, conclui Morais. 

Lembramos que Tsipras chegou ao poder através de promessas de acabar com a política de austeridade. 

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Paulo Morais opina que o grupo do euro deve encontrar uma solução que defenda os interesses dos povos da Europa, inclusive o povo grego. Ele acha injusto que a atual geração grega tenha de pagar pelos erros dos governos anteriores:

“Não foi o povo grego que decidiu que os governos devem ser corruptos”.

Tocando na questão de possibilidade de repetição da situação vivida pela Grécia em Portugal, Morais disse que uma crise semelhante em Portugal já aconteceu, só que a crise grega foi mais grave. 

“O que aconteceu na Grécia, já aconteceu em Portugal e não vai acontecer em Portugal [de novo]. Porque os efeitos negativos que a Grécia vai agora experimentar, nomeadamente o aumento de impostos, aumento de desemprego e recessão, esses efeitos em Portugal nós já temos sentido nos últimos anos”.

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