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Banco dos BRICS agregará novas fontes de investimento para o Brasil

© agência-photohost / Acessar o banco de imagensO presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento e Sustentabilidade (BNDES), Luciano Coutinho
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento e Sustentabilidade (BNDES), Luciano Coutinho - Sputnik Brasil
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O Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que foi lançado oficialmente na terça-feira (7), irá fomentar o sistema financeiro mundial, e não só dos BRICS, disse o presidente do BNDES em entrevista exclusiva.

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Luciano Coutinho concedeu uma entrevista à Sputnik Brasil durante o Fórum Financeiro dos BRICS, celebrado nesta quarta-feira no quadro da cúpula dos BRICS e da SCO em Ufá.

Para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento e Sustentabilidade (BNDES), o Novo Banco de Desenvolvimento é um instrumento adicional de fomento do comércio internacional que deverá trabalhar em parceria com os organismos econômicos e financeiros internacionais.

Além disso, Luciano Coutinho tocou no assunto da Grécia. Em junho, ele tinha declarado que se a crise grega afetasse o Brasil, só seria “no curto prazo”. O referendo do “não”, do domingo, não mudou esta opinião.

Leia abaixo a íntegra da entrevista.

Sputnik: Hoje em dia, a pergunta mais corrente é sobre o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Arranjo Contingente de Reservas. Qual é o papel destes órgãos? Qual será, ou qual é a correlação entre eles e os organismos econômicos e financeiros nacionais dos países membros, inclusive o BNDES?

Luciano Coutinho: A criação do novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS visa a complementar e agregar novas fontes de financiamento ao sistema existente – o sistema de bancos multilaterais já existentes e os bancos nacionais de desenvolvimento, como é o caso do Banco de Desenvolvimento Brasileiro (BNDES), ou do Vnesheconombank russo, ou do Banco de Desenvolvimento da China. O novo banco deve trabalhar em parceria com os bancos nacionais de desenvolvimento em projetos de infraestrutura de maior escala, e deve buscar agregar novas fontes, mobilizar novas fontes de recursos para acelerar e ampliar a escala dos investimentos, especialmente de infraestrutura.

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Para esse objetivo, nós preparamos um memorando de entendimentos entre os bancos nacionais dos BRICS, que têm um mecanismo de cooperação já estabelecido há cinco anos entre si. Esse mecanismo de cooperação deve, nesse momento, celebrar um entendimento com o novo Banco de Desenvolvimento, de forma a, no futuro, trabalhar cooperativamente.

S: Recentemente, o senhor comentou que o default da Grécia só irá afetar a economia do Brasil no curto prazo. Depois do referendo do domingo passado, quando o povo grego desaprovou a continuação da austeridade e quando, na segunda-feira, o ministro das Finanças demitiu, alguma coisa mudou?  

LC: Ainda não sabemos. A Grécia está apresentando uma nova proposta, ainda há uma chance de que se encontre uma solução razoável, um pouco mais flexível, que possa contemplar a Grécia – que tem uma justa demanda de que os termos propostos sejam suavizados.

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No evento de uma saída traumática, creio que a zona do Euro sofrerá mais turbulências – especialmente as economias mais frágeis da zona do Euro. Para as outras economias, como o Brasil, outras economias emergentes que dispõem de reservas de proteção, reservas externas de grande escala, os efeitos serão de moderados a reduzidos, de maneira que não esperamos que um problema mais grave que venha a acontecer na União Europeia nos afete de maneira relevante.

S: Em que sentido o BRICS pode ajudar o Brasil a atrair investimentos? Por exemplo, a juntar [integrar] a economia nacional no âmbito da cooperação do Brasil com o BRICS? O senhor poderia comentar outro aspecto da cooperação internacional que prefere a interação dos países do BRICS com outras organizações, como, por exemplo, o Mercosul e a União Europeia?

LC: Os países dentro do BRICS estão inseridos em áreas comerciais nas suas esferas: a China tem uma crescente área de influência na Ásia, o Brasil tem o Mercosul como área de comércio, a Índia tem um relacionamento na esfera de países próximos, e a África do Sul também tem uma esfera importante de influência no sul da África – de maneira que essas áreas estão, de alguma maneira, polarizadas pelas economias dos países BRICS. E os países BRICS, entre si, têm acelerado o comércio e acelerado os investimentos de empresas, internacionalizado empresas: bilateralmente, entre pares de países BRICS, de uma maneira mais rápida nos últimos anos, de forma que, lentamente, há um estreitamento de relações econômicas dentro do BRICS e dentro das áreas de influência dos países do BRICS. Eu espero que essas tendências continuem prevalecendo.

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