Yanukovich admite: 90% dos habitantes da Crimeia queriam se separar da Ucrânia

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A BBC foi a primeira agência ocidental a entrevistar o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich desde a sua deposição em fevereiro 2014. Porém, a BBC curiosamente não abordou temas vitais na versão inglesa da entrevista, como a questão da Crimeia, tendo se concentrado nas avestruzes que viviam na residência de Yanukovich durante a sua presidência.

Depois de analisar as duas versões da entrevista da BBC – em russo e em inglês – a Sputnik destaca os momentos principais.

Responsabilidade de Yanukovich nos acontecimentos no Maidan 

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O antigo político confessou que não fez tudo o que era possível para parar o conflito, mas ele pessoalmente não deu ordens de disparar contra os manifestantes no Maidan. Porém, ele não negou a sua responsabilidade. 

“Não tenho qualquer informação, quaisquer fatos de que alguém deu ordens de disparar contra os manifestantes. Fui categoricamente contra isso ”, disse. 

“Eu não dei quaisquer ordens, isso não era da minha competência”, manifestou Yanukovich. “Em segundo lugar, disse publicamente que era contra o uso de força, e especialmente o uso de armas de fogo” 

Separação da Crimeia 

Na versão inglesa só tem que a “anexação” da Crimeia foi uma tragédia, segundo Yanukovich, e que isso nunca aconteceria se ele fosse presidente. Além disso, ele não apoiou a ideia de a Ucrânia recuperar a Crimeia com uso da força, já que a adesão da Crimeia à Rússia é um “fato consumado”. 

“Agora há guerra. Eles falam de reaver da Crimeia. Como? Através de uma guerra? Precisamos de mais uma guerra?”, disse.

© BBCViktor Yanukovich, ex-presidente ucraniano, durante entrevista à BBC
Viktor Yanukovich, ex-presidente ucraniano, durante entrevista à BBC - Sputnik Brasil
Viktor Yanukovich, ex-presidente ucraniano, durante entrevista à BBC
Porém, o trecho da entrevista que inclui a discussão sobre a Crimeia dura oito minutos e a versão inglesa não incluiu a parte sobre o referendo. Na versão disponível no site russo da emissora BBC há uma frase muito importante:

“E as pessoas, o que é o mais importante, o povo da Crimeia, 90 por cento da população da Crimeia votou em favor da saída da Ucrânia… Isto é uma consequência do Maidan. Isto é consequência daquele movimento nacionalista radical que assustou a população da Crimeia, que tradicionalmente era pró-russa”, disse Yanukovich.     

Guerra em Donbass

Soldado ucraniano guarda veículos armados na vila de Fedorivka, no leste da Ucrânia, em 27 de fevereiro de 2015 - Sputnik Brasil
Antigo conselheiro do ministro da Defesa da Ucrânia junta-se às milícias de Donetsk
Yanukovich confessou que o que está acontecendo é um “pesadelo que só podia ser visto em sonhos. Mas nós vemos isto na realidade: as pessoas morrem, sofrem, o país está dividido em duas partes”.

O antigo presidente ucraniano classificou os acontecimentos em Donbass como genocídio. 

“O que acontece em Donbass é um genocídio, genocídio da população de Donbass. E está sendo efetuado por aqueles que trouxeram tanques e armas para disparar contra a população civil”, disse ele, acrescentando que só durante a última trégua morreram 500 civis. Entretanto, esta parte da entrevista também não foi incluída na versão inglesa. 

Respondendo à pergunta sobre o papel da Rússia no conflito, Yanukovich disse o seguinte: 

“A minha opinião é que o papel construtivo da Rússia consiste na preparação dos Acordos de Minsk. As duas partes – Donbass e Kiev — devem responder à pergunta por que razão os acordos não estão sendo implementados agora. Mas se Kiev não quer negociar com o Donbass, digam, que atitude construtiva pode haver? O que a Rússia tem a ver com isto?”

A fuga para a Rússia após derrubada

O ex-presidente Yanukovich agradeceu ao presidente da Rússia Vladimir Putin por ter salvado a sua vida evacuando-o da Ucrânia durante a noite de 23 de fevereiro de 2014. 

“O fato que Vladimir Putin tomou essa decisão por recomendação das suas próprias forças especiais, foi o seu direito e a sua opção. Ele não me consultou”, disse Yanukovich acrescentando que “estou com certeza muito grato por ele ter dado a ordem e ter ajudado os meus guardas a tirarem-me e ter salvo a minha vida”.

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