Porém, outros líderes mundiais frisam vários aspetos estranhos na história. Assim o presidente russo Vladimir Putin acha muito estranho que as detenções dos funcionários da FIFA tenham sido feitas através de solicitação dos EUA, que tentam expandir a sua jurisdição para os outros países.
“Podemos pressupor que alguns deles [funcionários da FIFA] violaram alguma lei, eu não sei, mas tenho plena certeza que os EUA não têm nada a ver com isso. Eles, esses funcionários, não são cidadãos dos EUA. Se alguma coisa aconteceu, isso não foi no território estadunidense e os EUA não têm nada a ver com isso. É mais uma tentativa evidente de expandir a sua jurisdição para os outros países”, disse Putin respondendo à pergunta de jornalistas em relação do escândalo na FIFA.
Anatoly Kapustin, jurista e presidente da Associação Russa de Direito Internacional, concorda com o presidente russo:
“Os americanos gostam de falar sobre a prevalência de direito e da lei no seu país e no estrangeiro. Neste caso, a prevalência não é visível porque eles só podem pedir a extradição com base no acordo internacional que existe entre a Suíça e os EUA. Ele prevê a extradição de cidadãos dos dois países: da Suíça e dos EUA. No que se diz respeito a cidadãos de terceiros países, o documento não prevê tal possibilidade, seja um funcionário ou outra pessoa física. Isto ultrapassa as fronteiras do direito internacional, é um certo desafio ao direito internacional”, opina o especialista.
Mas quais são as razões do envolvimento dos EUA no escândalo?
Será que é uma vingança contra o presidente da FIFA Joseph Blatter por seu empenho em realizar a Copa do Mundo 2018 na Rússia?
Os EUA tentam impedir a reeleição de Blatter como presidente da FIFA o que é uma violação clara dos princípios de funcionamento das organizações internacionais, opina o líder russo Vladimir Putin.
Após as prisões, o senador americano Bob Menendez disse que o escândalo significa que a FIFA precisa de um novo presidente e acrescentou que “desde há muito tempo tinha preocupações sobre a escolha da Rússia como sede da Copa do Mundo 2018”. Lembramos que, no início de abril, a FIFA rejeitou o pedido de 13 senadores norte-americanos de retirar à Rússia a organização da Copa do Mundo em 2018.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também não exclui que na situação da FIFA, os EUA usam os mesmos meios que usaram para com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e o ex-funcionário dos serviços secretos estadunidenses Edward Snowden, ou seja, unicamente para satisfazer os interesses americanos.
“Lamentavelmente, nossos parceiros norte-americanos usam tais métodos para satisfazer os seus interesses pessoais, e o fazem ilegalmente, perseguindo pessoas. Eu não excluo que o mesmo esteja acontecendo em relação à FIFA, embora não saiba como isso vai terminar. Mas o fato de isto acontecer na véspera das eleições do presidente da FIFA me faz pensar exatamente nisso”, disse Putin comentando a situação em torno da FIFA.
Enquanto isso, a União de Futebol da Rússia (RFS, na sigla em russo), não obstante as detenções na FIFA, irá apoiar a candidatura de Joseph Blatter nas eleições. Segundo o presidente da RFS, Nikolai Tolstykh, o chefe da Federação fez muito pelo futebol mundial.
Há também outras versões. Uma deles é que os EUA usam este escândalo esportivo como uma certa “cortina de fumaça” para esconder um outro escândalo mais sério, neste caso de espionagem.
O mundo já sabia desde 2013 do monitoramento telefônico realizado pelos EUA no mundo inteiro, inclusive na Alemanha, Brasil e outros países. Porém, recentemente soube-se que a espionagem norte-americana teve um aliado na Europa: a própria Alemanha.
O Bundesnachrichtendienst (BND, Serviço de Inteligência Nacional da Alemanha) colaborou com a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) desde pelo menos 2008, sabendo da espionagem que os estadunidenses realizavam e fornecendo apoio a eles.

É extremamente curioso que os altos cargos da FIFA que enfrentam acusações de corrupção foram detidos pela justiça norte-americana.
Antes, já houve rumores que afirmavam que Obama não iria à reunião do G7 na Alemanha se Berlim publicasse os dados sobre as pessoas e entidades espionadas pela NSA. Tal informação foi desmentida formalmente pelo presidente dos Estados Unidos. Mas rumores não surgem em vão.
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