EUA reservam possibilidade de recuo na questão nuclear iraniana

© AFP 2023 / BRENDAN SMIALOWSKIDelegação iraniana, com chanceler Mohammad Javad Zarif (esquerda) e chefe da Agência nuclear iraniana Ali Akbar Salehi (centro), nas negociações de 31 de março de 2015 na Suíça
Delegação iraniana, com chanceler Mohammad Javad Zarif (esquerda) e chefe da Agência nuclear iraniana Ali Akbar Salehi (centro), nas negociações de 31 de março de 2015 na Suíça - Sputnik Brasil
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Mesmo que até 30 de junho se chegue a acordo com o Irã sobre o seu programa nuclear, os EUA, principal promotor do acordo, querem reservar para si a possibilidade de recuar caso o Irã se torne demasiado independente.

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Após a divulgação do acordo-quadro sobre o programa nuclear em inícios de abril, o Irã está a caminho do levantamento total das sanções internacionais. Mas esta possibilidade não agrada muito aos adversários do país, mesmo aos que advogavam o fim do "limbo das sanções" e o abrandamento das restrições do programa nuclear.

Durante a cúpula do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo Pérsico (CCEAGP), realizada em 5 de maio em Riad, na Arábia Saudita, o assunto nuclear iraniano foi o tema principal. Se as sanções forem levantadas, o Irã se fortalecerá, enfraquecendo os seus adversários, principalmente do bloco sunita.

O próprio Irã é de tradição xiita.

Para se opor a tal perspectiva, os países árabes acusam o Irã de tentativa de criação de bomba nuclear (opção firmemente descartada pelo acordo-quadro e pelo "sexteto") e de apoio a forças radicais que estão atuando na região.

Segundo o cientista político Seyed Hadi Afgahi, ex-funcionário da embaixada iraniana no Líbano, as acusações árabes contra o Irã são completamente falsas:

"Eles [os países árabes, principalmente a Arábia Saudita] afirmam que o Irã interfere em assuntos internos dos países da região, tentando ampliar a sua influência. Porém, nós todos sabemos quem é que realmente alimenta o fogo da guerra e monta desordens na região. Hoje, já não é nenhum segredo que a Arábia Saudita realizou uma ingerência direta em países como o Iêmen e Bahrain. A Arábia Saudita realiza também se ingere em outros países da região — o Iraque, a Síria, o Líbano — através de ajuda financeira, fornecimentos de armas, apoio à divulgação da ideologia extremista dos grupos terroristas da região".

Vale lembrar que o Irã apresentou várias vezes a diversas instâncias internacionais seus planos de solução da crise no Iêmen, porém as autoridades iemenitas e as sauditas acusaram o Irã de interferência indevida nos seus assuntos internos.

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Porém, o conflito no Iêmen já passou a ser um conflito internacional, com a intervenção da coalizão liderada pela Arábia Saudita, apoiada pelos EUA.

Posição dos EUA

Se os países árabes estão preocupados com o eventual desenvolvimento do programa nuclear iraniano e com as declarações do governo norte-americano a favor de tal cenário, os EUA, que também não querem ver o Irã completamente livre e independente, reservam para si uma saída.

Segundo soube a Sputnik, um funcionário do Departamento de Estado afirmou que qualquer tentativa de violar as normas estabelecidas pelo acordo por parte do Irã levará à reintrodução das sanções internacionais.

Fica claro desta forma que a diplomacia estadunidense irá querer usar esta cláusula (se for acordada) como um instrumento de pressão sobre o Irã.

Jogos do "sexteto"

O grupo 5+1, ou "sexteto", integrado pelos EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, também tem divergências no seu seio. O presidente francês, François Hollande, esteve na cúpula da CCEAGP ontem, marcando um estreitamento das relações com a Arábia Saudita. Analistas internacionais veem nisso uma possibilidade de mudança de postura no que toca ao acordo nuclear.

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