Poroshenko pretende organizar referendo fantasma sobre adesão à OTAN

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Pyotr Poroshenko, presidente da Ucrânia - Sputnik Brasil
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O presidente da Ucrânia, Pyotr Poroshenko, declarou que pretende realizar um referéndum para saber se os ucranianos querem ou não que o país adere à OTAN. Porém, será que a Ucrânia é bem-vinda mesmo?

Em uma entrevista, o presidente Poroshenko compartilhou a sua intenção de convocar um referéndum nacional para definir a vertente futura da sua política externa.

"Eu quero organizar um referéndum para que o povo decida [sobre a eventual adesão à OTAN]", disse Poroshenko. Segundo ele, esta decisão é "fundamental" e vital para a Ucrânia.

No entanto, o país não cumpre uma série de pré-requisitos necessários para a adesão. Isto tem sido afirmado várias vezes por altos funcionários dos países membros da OTAN.

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Por exemplo, em meados de março o secretário-geral da Aliança do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, afirmava que o conflito na Ucrânia nem estava na zona de responsabilidade da OTAN. "A Ucrânia não é membro da OTAN, e essa é a principal diferença entre o país e os membros da OTAN, já que as garantias de segurança se aplicam para os membros da aliança", disse naquela altura o secretário-geral, comentando as violações dos direitos humanos lá.

Conforme Stoltenberg, a Ucrânia carece de reformas importantes antes de pedir adesão. Estas reformas incluem melhor organização da defesa do país, combate à corrupção e melhoramento do aparelho estatal. E mesmo quando as reformas forem realizadas, a formalização do pedido oficial levará algum tempo.

O presidente da França, que é também membro da OTAN, François Hollande, também descartou a aceitação da Ucrânia pela aliança. "Para a França, a filiação da Ucrânia na OTAN será indesejável", frisou o presidente francês, que integra o "quarteto de Normandia", em 5 de fevereiro, duas semanas antes da assinatura dos Acordos de Minsk.

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E ainda em 2014, vários representantes do governo da Alemanha, membro importante da OTAN, assegurava que a adesão da Ucrânia era um assunto de longo prazo. O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, declarou em novembro que era possível uma parceria com a Ucrânia, mas não a aceitação desse país ao seio da aliança. Ele disse também que nem a UE queria ver a Ucrânia dentro do organismo.

E o mais importante: a probabilidade de a Ucrânia ser aceitada à OTAN é muito pequena do ponto de vista formal. Diz a explicação da estratégia de ampliação da aliança (Estudo sobre a Ampliação da OTAN), publicada no seu site oficial:

"Estados que tenham disputas étnicas ou disputas territoriais externas, inclusive reivindicações irredentistas, ou disputas internas, devem regular estas disputas por meios pacíficos, de acordo com os princípios da OSCE. A resolução de tais disputas será o fator decisivo na determinação sobre a emissão ou não do convite de juntar a aliança".

E a Ucrânia, evidentemente, tem um conflito vigente, ou até uma guerra civil, segundo alguns observadores, apesar de a Ucrânia chamar isso de "operação antiterrorista". Tem até territórios no sudeste do país que não se reconhecem completamente como Ucrânia.

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No entanto, as autoridades de Kiev estão tentando fechar acordos de cooperação em várias áreas com a OTAN, sendo estes documentos puramente simbólicos. Parece evidente que a OTAN não precisa de um país com uma infraestrutura tão deteriorada como a da Ucrânia atual. Se a aliança persegue, como declara, a segurança internacional, a Ucrânia não é, obviamente, um exemplo de segurança. Mesma coisa com a adesão à UE: para a Europa unida, é mais confortável ter um país dependente fora do seu organismo, para não ter que lidar com consequências econômicas que iriam se espalhar pela Europa toda.

De modo que a proposta de referéndum é uma clara ilusão que o presidente ucraniano pretende criar para aquela parte dos seus habitantes que é partidária da visão pró-europeia e pró-OTAN para distrair a sua atenção de assuntos que importam de verdade, como o crescimento dos preços, inflação, situação instável da moeda nacional e assassinatos politicamente motivados.

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