Desde o início, o gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) enfrenta resistência sem precedentes dos Estados Unidos e de seus leais aliados europeus, como a Polônia. Este projeto comercial privado foi apresentado como politicamente motivado na arena internacional.
Acusado de poder vir a colocar o Velho Mundo em dependência direta de energia da Rússia, o consórcio formado pelas empresas Engie francesa, a OMV austríaca, a Shell britânico-holandesa e as alemãs Uniper e Wintershall, que juntas investiram 6 bilhões de euros (R$ 36,34 bilhões) no projeto, repetiu reiteradamente sua importância para a indústria e economia europeia.
Se as licenças iniciais dos governos da Alemanha, Suécia e Finlândia foram obtidas sem muita dificuldade, já a Dinamarca, por cujas águas passarão 147 quilômetros de tubulações e por pressão dos Estados Unidos, adiou o máximo que pôde o licenciamento inicial.
Os Estados Unidos não abandonaram a intenção de interferir na construção do Nord Stream 2, adotando pacotes de sanções e restrições contra as empresas envolvidas na implementação do projeto.
Vale lembrar que a Allseas, empresa suíça envolvida no assentamento do gasoduto, com receio das sanções, rescindiu unilateralmente o acordo com Nord Stream 2 e retirou três de seus navios da área de construção, colocando assim a implementação do projeto sob grande questionamento.
A empresa de energia da Rússia, Gazprom, e o consórcio europeu começaram a procurar maneiras de sair do impasse. O navio-grua de colocação de tubos russo Akademik Chersky foi mobilizado para o projeto, bem como a barcaça Fortuna.

A resposta norte-americana não demorou, impondo restrições e sanções às seguradoras que emitissem apólices aos navios que trabalhassem na construção do gasoduto na zona do mar Báltico.
Mas a Dinamarca, surpreendentemente, acabou autorizando os trabalhos em suas águas territoriais da barcaça Fortuna, que serão iniciados em 3 de agosto.
A "benevolência" e a inversão da atitude da Dinamarca em relação ao projeto devem-se muito provavelmente a dois fatores.
Primeiro, o afrouxamento da pressão norte-americana, cujas autoridades estão mais preocupadas em lidar com questões sociais internas e com as crises econômica e sanitária pandêmicas e estão mais focadas nas próximas eleições presidenciais do que propriamente interessadas em sua política externa.
Segundo, à Dinamarca convém receber gás russo, o único combustível confiável e ecologicamente correto, ainda mais quando a Alemanha está abandonando sistematicamente a energia nuclear e o carvão. Por outro lado, não podia ficar indiferente à inequívoca posição alemã, de que o gasoduto será concluído seja como for, contra tudo e contra todos.
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