Sicília é exposta por ativista como sendo 'linha de frente' dos EUA no Mediterrâneo

© REUTERS / Giampiero SpositoEquipe de acrobacias aéreas da Força Aérea Italiana desenha no céu bandeira italiana no início do Grand Prix da F1 em Monza, norte da Itália (imagem referencial)
Equipe de acrobacias aéreas da Força Aérea Italiana desenha no céu bandeira italiana no início do Grand Prix da F1 em Monza, norte da Itália (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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A base norte-americana na ilha italiana tem provocado uma onda de contestação na Sicília, levando a protestos contra a falta de transparência, e levantando também preocupações geopolíticas.

Sicília, uma ilha italiana no Mediterrâneo, pode ser conhecida pela sua máfia, mas de forma mais discreta ao mundo, e menos para seus habitantes, hoje alberga uma base aérea norte-americana em Sigonella, que enfrenta oposição de diversos grupos pacifistas e ambientalistas na ilha, incluindo o prefeito de Niscemi, Massimiliano Conti.

Em entrevista à Sputnik Internacional, um ativista do grupo de protesto NO MUOS, Pippo Gurrieri, conta que a Sicília já há muito tempo é "uma espécie de 'porta-aviões' fortemente armado, usado para se envolver em conflitos em toda a região do Mediterrâneo".

Em sua opinião, a ilha está exposta ao terrorismo de grupos como o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e vários outros países) como resultado da posição estratégica e militar da ilha no mar Mediterrâneo.

"Se a ação militar for gerida a partir daqui, este local se torna um alvo militar [...] Somos a fronteira mediterrânica do chamado Ocidente, e nossa região está frequentemente envolvida em conflitos."

Além disso, uma empresa associada à família mafiosa Tortorici recebeu fundos da UE para a concessão de numerosos lotes no local, incluindo o lote Sughereta di Niscemi, onde está localizado o sistema MUOS.

O ativista concorda com a especulação que a recente operação militar de assassinato do general iraniano Qassem Soleimani fosse executada com um drone que partiu de Sigonella, que alberga o mesmo tipo de drones

"Penso que é quase óbvio porque em outubro foi anunciado que o sistema MUOS começou a operar em plena capacidade para fins militares [...] Os próprios americanos disseram que teriam uma vantagem militar em qualquer cenário militar ao serem capazes de operar com drones armados e desarmados. Então, se o sistema não está sendo usado para isso, por que ele foi instalado?", ponderou.

Reação à oposição

Em relação à reação das autoridades aos protestos, que condenaram o prefeito pela sua liderança nos protestos contra o Mobile User Objective System, MUOS, (sistema norte-americano de comunicações via satélite de próxima geração) localizado a 60 quilômetros de Sigonella, o ativista disse que no domingo (19) realizou "um protesto contra o ataque dos EUA em Bagdá", que diz ter corrido bem.

O prefeito de Niscemi relata a reação oficial aos protestos perto da base militar e do consulado dos EUA em Palermo:

"Desde o início desta luta, que para mim já dura mais de 10 anos, eles sempre tentaram esmagar os movimentos dos ativistas. Somos como paus nas rodas para aqueles que querem militarizar a Sicília sob o pretexto de aumentar a segurança da ilha. A realidade é que as bases norte-americanas nos colocam em risco de estarmos envolvidos em conflitos, o que nenhum siciliano quer."

"Protestar contra uma base militar estrangeira significa expor todas essas contradições, que geralmente são ocultadas por trás dessas decisões. O território continua sendo reforçado e militarizado, mas não é acessível no âmbito de acordos internacionais de que ninguém tem conhecimento. A população não recebeu qualquer informação, especialmente sobre os riscos para a saúde, para o meio ambiente e para todos aqueles que vivem perto dessas áreas", lamenta Pippo Gurrieri.

Luta é longa

Apesar de tudo, a utilização do local pelos EUA parece não sofrer qualquer revés. Jens Stoltenberg e altos responsáveis da aviação dos EUA visitaram na sexta-feira (17) a base siciliana para a cerimônia de entrega das duas primeiras das cinco novas aeronaves de reconhecimento RQ-4D Phoenix de última geração, que farão parte do sistema AGS (Alliance Ground Surveillance) da OTAN, para o qual a base siciliana se tornará o local de destacamento.

Neste momento planeja-se uma reunião em Niscemi, Sicília, em 8 de fevereiro, bem como uma grande manifestação nacional em 11 de abril.

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