Polônia não vai dialogar com políticos de Israel que insultam o país, diz diplomata

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A Polônia busca manter o diálogo com Israel, mas apenas com políticos e organizações capazes de falar "construtivamente", declarou um alto diplomata polonês, referindo-se às consequências das declarações do ministro do Exterior interino de Israel.

"Não há conflito lá fora, pois significa uma briga entre os dois lados. Temos uma declaração de um único político, que se compromete, em primeiro lugar, ainda, sem dúvida, complica nosso relacionamento", disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Polônia, Szymon Szynkowski, em uma entrevista coletiva na quarta-feira.

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Varsóvia só se engajará em diálogo com as organizações e políticos judaicos que apoiam a Polônia, enquanto ignorará aqueles que fazem "comentários insultuosos", acrescentou.

No final de fevereiro, o ministro israelense de Relações Exteriores, Yisrael Katz, citou o ex-primeiro-ministro israelense Yitzhak Shamir e disse que "cada polonês amamentava o antissemitismo com o leite de sua mãe", provocando uma grande discussão entre os dois países.

As relações diplomáticas entre Varsóvia e Tel Aviv têm sido muito tensas recentemente, danificadas por uma lei controversa adotada no ano passado na Polônia. A legislação proíbe frases como "SS polonesas", "campos de extermínio poloneses" e assim por diante, proibindo qualquer implicação de que o Estado polonês e os poloneses tenham sido totalmente cúmplices dos assassinatos em massa nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

A legislação inicialmente previa até três anos de prisão para pessoas condenadas por esse comportamento, mas foi diluída mais tarde, e agora apontando para o papel desempenhado pelos poloneses no Holocausto é apenas uma ofensa civil, punível com multa.

Enquanto a disputa diplomática parecia ter acabado, foi reacendida em fevereiro pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que mais uma vez acusou os poloneses de "colaborar com os nazistas" e condenou a "reabilitação" da história. A observação de Netanyahu foi rapidamente repetida por Katz, que finalmente conseguiu piorar a situação.

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O comentário de Katz causou um alvoroço na Polônia, com o ministro de Relações Exteriores, Marek Magierowski, chamando-o de "vergonhoso e racista" e exigindo um pedido de desculpas. Como Tel Aviv não se desculpou, a Polônia abandonou a cúpula de Visegrad 4, organizada por Israel. O movimento de Varsóvia levou ao cancelamento de todo o evento.

Para tentar consertar as tentativas de "distorcer a história" e acusar os poloneses de contribuírem para os crimes nazistas da era da Segunda Guerra Mundial, o Ministério de Relações Exteriores publicou um livreto, apelidado de "Como foi na realidade", revelou Szynkowski. O livreto, impresso em inglês, alemão e polonês, é baseado em entrevistas com sobreviventes de campos de concentração nazistas.

"Os livretos foram enviados para países onde o problema [de distorção da história] emerge com mais frequência: para os EUA, o Reino Unido, a Alemanha e o Canadá", disse o diplomata.

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