Segundo o autor da matéria Carlos Yárnoz, na reavaliação europeia da imagem russa contribuiu o incidente com um caça espanhol que lançou acidentalmente um míssil no céu da Estônia, perto da fronteira russa, que poderia ter causado um conflito catastrófico.
Para Yárnoz, a razão principal da instabilidade entre a OTAN e a Rússia é o fato de Washington sempre considerar Moscou a ameaça principal para sua segurança, levando à ampliação da Aliança para o leste até as fronteiras russas.
"É essa concepção estratégica norte-americana que tem empurrado permanentemente a Europa a se situar no último meio século frente a Moscou, impedindo o desenvolvimento de uma política de vizinhança mais distendida", opina o colunista.
Porém, "as alianças, as ameaças e as estratégias estão mudando rapidamente", acrescenta o autor, em primeiro lugar devido à presidência de Donald Trump, que apoia saída do Reino Unido da União Europeia, e que abandonou o acordo nuclear iraniano, tornando os EUA parceiros inconfiáveis aos olhos da Europa. Além disso, o líder estadunidense se aproximou do presidente russo Vladimir Putin, deixando a Europa assustada em perder influência no palco internacional.
O colunista sublinha que países europeus avançaram na criação de próprio sistema de defesa neste ano mais do que nas seis décadas de existência da UE. E uma das primeiras consequências de tal estratégia será a percepção da Rússia "como país vizinho, sócio, potencial aliado, e não um inimigo".
No dia 7 de agosto, um caça espanhol disparou acidentalmente no espaço aéreo da Estônia um míssil ar-ar AIM-120 AMRAAM que voou 80 quilômetros e teria caído em uma zona florestal. Porém, após verificação do potencial local da queda, militares estonianos não encontraram nem míssil nem seus fragmentos e em breve terminaram a busca ativa.