Agenda secreta da OTAN: o que escondem manobras com armas nucleares dos EUA na Alemanha?

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Ativistas se manifestam contra armas nucleares norte-americanas em Colônia, Alemanha (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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A OTAN está realizando um exercício de segurança nuclear norte-americana na base de Buchel, Alemanha, e na base belga de Kleine-Brogel. A legitimidade de exercícios deste calibre e instalação de armas nucleares em países sem este tipo de arsenal causam várias questões.

Exercícios nucleares na Europa

A base aérea de Buchel conta com até 20 bombas nucleares norte-americanas e é a única instalação da Alemanha em que há armas desse tipo. Atualmente, os pilotos das Forças Armadas alemãs e oficiais de vários países da OTAN estão participando de exercícios que incluem a manipulação de arsenal nuclear.

"O exercício é conhecido na Aliança como 'Meio-dia inabalável' ['Steadfast Noon'] e é realizado anualmente em bases militares de toda a Europa", disse à Sputnik Alemanha Otfried Nassauer, investigador do Centro de Informação para a Segurança de Berlim (BITS, na sigla em inglês).

Nassauer explica que durante exercícios nucleares – supervisados pelo pessoal militar dos EUA – são postas em prática as normas de segurança enquanto se instala uma bomba nuclear em um avião e se observa sua decolagem, onde não deveriam ser utilizadas armas nucleares de verdade.

Um dilema legítimo

Desde os anos sessenta, a OTAN prevê um possível uso de armas nucleares norte-americanas por parte de quatro países europeus sem arsenal nuclear em caso de guerra. Segundo a organização, o estipulado não contradiz o Tratado da Não Proliferação Nuclear, frequentemente criticado (e alheio à Aliança).

"O argumento da OTAN é que, como resultado desta situação, surge um novo grupo de países entre os nucleares e não nucleares: um grupo de Estados pseudonucleares não mencionados no Tratado", assinalou Nassauer.

As Forças Armadas alemãs não são autorizadas a utilizar armas nucleares segundo o direito internacional, mas "o truque" é simples: durante as manobras atuais, os oficiais alemães recebem ordens não do seu Ministério da Defesa, mas do comando da OTAN.

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"A situação é tensa. A lei proíbe o uso de armas nucleares por parte das tropas alemãs, mas estas recebem ordens da OTAN. Poderiam tentar desobedecer a essas ordens assumindo o risco que isso implica, mas segundo a lei alemã, os soldados alemães não podem obedecer a uma ordem ilegal", disse o analista.

Uma mensagem para a Rússia

O coronel aposentado da Bundeswehr – Forças Armadas alemãs, Ulrich Scholz, quem ajudou no planejamento da Força Aérea da OTAN, descreve "Meio-dia inabalável" como um "tema discutível". Também crê que se trate de um argumento político contra a Rússia. Scholz está preocupado com a segurança nacional da Alemanha.

"Ao se recusar à utilização de energia nuclear por razões de segurança e, ao mesmo tempo, guardando armas nucleares em nosso território e participando destes exercícios, surge uma pergunta: ninguém estaria preocupado com a segurança alemã?"

O coronel também assinala que os "interesses geoestratégicos" de Washington giram ao redor da Rússia, assim como na época da Guerra Fria.

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Segundo Nassauer, os EUA estão interessados em manter todos os aliados unidos. Pela primeira vez, a Polônia, Grécia e a República Tcheca participaram nos exercícios deste ano.

"À luz das contínuas tensões entre a Rússia e o Ocidente, tudo o que está passando parece ser uma mensagem política da OTAN a Moscou", disse.

Em 20 de outubro, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, pediu que retirassem as armas nucleares norte-americanas da Europa durante conferência sobre a não proliferação de armas nucleares, em Moscou.

"Esperamos que as armas nucleares norte-americanas sejam retiradas da Europa e voltem para os EUA."

O ministro pediu à OTAN para dar um basta nos exercícios com armas nucleares nos território dos seus membros sem este tipo de arsenal.

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