Finlândia pode desafiar alertas da Rússia e entrar para a OTAN?

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Soldados do Exército finlandês (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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A aproximação das eleições presidenciais na Finlândia, marcadas para janeiro de 2018, trouxeram à tona uma pergunta para a qual o eleitorado finlandês parecia não estar preparado: deve o país escandinavo se tornar um membro oficial da OTAN?

Desde 1994 Helsinque integra a Parceria para a Paz com a entidade ocidental. Recentemente, o país realizou exercícios conjuntos com militares dos Estados Unidos e, diante das inquietações globais de momento, há quem no país advogue pela entrada finlandesa.

"Tenho tentado dizer para as pessoas aqui que temos de nos mantermos sob os nossos próprios pés mais do que antes. E se estivermos nos mantendo de pé, dependemos mais da Europa", afirmou o presidenciável Nils Torvalds, no partido MEP, ao site alemão Deutsche Welle.

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Como um jornalista que viveu em Moscou e em outras partes do mundo, Torvalds acredita que é tempo da Finlândia deixar de temer a Rússia – com quem divide 1.340 quilômetros de fronteira e se unir à OTAN – e ter acesso aos benefícios aos quais apenas membros completos da entidade (e não só parceiros) podem ter.

A população ainda não parece convencida disso. Segundo uma recente pesquisa nacional, apenas 21% dos finlandeses apoia que o país integre a OTAN, ao passo que 51% é contra. Outros 28% se mantiveram neutros e não opinaram.

Para analistas do país, o sentimento corrente no país escandinavo é de que, se Helsinque não provocar Moscou, nenhum incidente danoso ao país virá a acontecer – como um ataque ou algum tipo de interferência externa.

As declarações dadas no mês passado pelo novo embaixador russo na capital finlandesa, Pavel Kuznetsov, pareceram reforçar tal entendimento. Segundo ele, em uma entrevista ao jornal Iltasanomat, é lamentável a impressão de que outros países precisem "temer a Rússia", mas que "todos entendem que a aproximação de forças militares das fronteiras russas nos força a responder".

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Por enquanto, não há nenhuma indicação de que o atual governo finlandês tenha reais intenções de integrar a OTAN com um status além do atual. Apesar de ter visitado a sede da entidade há um ano, o presidente Sauli Niinisto declarou que é preciso aumentar as defesas finlandesas e melhorar a segurança do país e da Europa, ao invés de se unir à OTAN.

Para Niinisto, "se houver uma guerra no Báltico [entre OTAN e Rússia], seria a Terceira Guerra Mundial automaticamente". Por isso, o importante é Helsinque tornar o custo de intervenção na Finlândia se tornar o mais alto possível, concluiu o presidente finlandês.

Seja por essa posição ou não, Niinisto lidera com folga a corrida presidencial. É bem verdade que o governo finlandês anseie ter mais voz dentro da OTAN, já que colabora em missões da organização no Kosovo e no Afeganistão, mas o atual modelo de parceria vem funcionando bem.

Contudo, faltando pouco mais de dois meses para o pleito presidencial, e com um quinto da população apoiando a ideia de reforçar a aliança com o Ocidente, a discussão está posta. E parece que não irá embora mesmo que o atual presidente seja reeleito.

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