Opinião: Se Europa não resolver o problema financeiro, o bloco se desfaz

© AFP 2023 / Aris MessinisZona do euro
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Passados 60 anos desde a celebração do Tratado de Toma, tratado que iniciou o processo de integração europeia, a Sputnik falou com o cientista político argentino Andrés Malamud que analisou os atuais desafios enfrentados pelo bloco.

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Em 25 de março, os 27 líderes da União Europeia se reúnem na capital italiana para celebrar o 60º aniversário do Tratado de Roma que deu início ao processo de unificação e que, por sua vez, levou à criação da União Europeia. Este conjunto de países criou uma moeda única, o euro, e estabeleceu a livre circulação de bens, serviços e pessoas como seu paradigma principal.

"A tendência da Europa é ir até a desintegração. O Brexit é o primeiro sintoma, mas não é o mais grave. Minha impressão é de que o desmembramento europeu se dará devido a um conjunto de erros de cálculo que provocarão uma explosão involuntária", disse Andrés Malamud, residente de Portugal e investigador sênior do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, à Sputnik Mundo.

Na época do seu auge, a UE chegou a ter 28 países-membros. Porém, durante a última década, o projeto, convertido em uma potência mundial, começou o processo de declínio. Atualmente, o Reino Unido iniciou sua saída, os restantes 27 países possuem fortes movimentos que desejam abandonar o bloco para proteger suas economias.

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Mais um problema é o aspeto financeiro. "Hoje a Europa tem duas possibilidades, ou criar uma união fiscal harmonizada, à semelhança da moeda, ou manter cada país com a sua própria política fiscal. Não importa que o Estado esteja dentro da zona euro, o que importa é que a fiscalidade e a moeda estejam harmonizadas, tanto ao nível europeu como nacional. Se eles não resolverem isso, a Europa se desfaz", assinalou o especialista.

Para o acadêmico, o único fator em comum partilhado por todos os membros hoje em dia é o nacionalismo em certos setores. Neste contexto, Donald Trump põe em dúvida a continuidade da ajuda americana à OTAN, criando outro fator de desestabilização, observou Malamud.

"A OTAN foi um guarda-chuva protetora da Europa. Os EUA têm fornecido a maioria dos recursos e coordenação militar. Deste modo, a Europa tem dedicado seus recursos ao crescimento e à distribuição social. Porém, agora, quando Trump exige a partilha das despesas militares, os padrões de bem-estar social aos quais [todos] estavam acostumados ficam comprometidos", indicou o cientista político.

Com o Reino Unido à beira de se separar da União Europeia, o único membro do bloco com capacidade nuclear é a França. Este país, segundo disse o especialista, é a "única potência militar" que resta na Europa.

Hoje em dia, o debate mais importante a nível europeu é travado entre nacionalistas e europeístas, ou seja, globalistas, que discutem "sacrificar ou não a soberania para conseguir resultados econômicos ou políticos", concluiu.

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