Coronel tcheco: muitos querem protestar contra política da OTAN, mas não têm coragem

© AFP 2023 / MICHAL CIZEKMilitares tchecos durante os treinamentos da OTAN Noble Jump em 2015
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O coronel na reserva tcheco Marek Obrtel, ex-médico que participou dos combates no Afeganistão e que se tornou conhecido por devolver suas medalhas à OTAN, agora está formando uma milícia popular.

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Esta iniciativa já foi criticada pelo canal alemão ARD. Os participantes desta milícia popular foram acusados de extremismo, de estarem ligados ao partido Narodni demokracie e de cumplicidade com a Rússia. Como disse o próprio coronel, tudo isso é "um rotulo que recebe cada indesejável" e que a criação da milícia popular foi ditada pela necessidade de proteger os cidadãos dentro do país.

Mrek Obrtel, líder da milícia popular Národní domobrany [Autodefesa Popular], foi entrevistado pela Sputnik República Tcheca e destaca que o objetivo é passar a ser uma espécie de Guarda Nacional como a que funciona na Suíça.

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O coronel explica que o exército não está muito preocupado com a defesa do próprio país e visa combater em frentes longínquas como, por exemplo, na Europa ou nas fronteiras ocidentais da Rússia. O povo tcheco se inquieta devido aos últimos acontecimentos na França ou na Alemanha. A população se sente indefesa e precisa de ajuda. Os voluntários e a criação da Guarda Nacional são uma solução, acredita Marek Obrtel.

Mas, como as autoridades não estão interessadas nessa atividade, elas não deram permissão.

O coronel sublinha que a Carta dos Direitos Fundamentais, que faz parte da Constituição da República, diz que os cidadãos podem fazer frente a qualquer ameaça contra os direitos humanos e a liberdade democrática, caso os meios oficias legais não o consigam fazer. Hoje em dia os tchecos enfrentam a incapacidade dos órgãos oficiais.

Falando das acusações de extremismo e cumplicidade com a Rússia, o coronel assinala:

"Não podemos nos permitir praticar nenhuma ideologia, isso prejudicaria a ideia da nossa iniciativa popular. Somos uma organização apartidária aberta para todos que têm bom senso."

De acordo com o coronel, atualmente existem 90 seções espalhadas por todos os povoados do país. E, se for necessário, há pessoas que podem defender a sociedade.

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A Sputnik aproveitou o caso e perguntou ao coronel sobre o seu ato de coragem — o retorno das medalhas à OTAN.

"Ultimamente tenho pensado muito nisso, queria responder a mim mesmo a uma pergunta semelhante. Decidi até escrever um artigo sobre isso. Posso dizer o seguinte: apesar de tudo, estou feliz por ter feito isso. Não estou arrependido. Conforme os comentários que eu recebo, muitos compreendem o que eu fiz, eles também querem expressar seu protesto contra a política da OTAN, em particular em relação à Rússia. Mas, na verdade, não têm a coragem… Ainda. Mais são muitos."

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